As emissões brasileiras de gases de efeito estufa (GEE) aumentaram
em 7,8% no último ano, segundo o estudo “Sistema de Estimativa de Emissões de
Gases de Efeito Estufa 2014” ,
divulgado pela rede de ONGs Observatório do Clima. A produção de gases
poluidores – principalmente dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e
perfluorcarbonetos – esteve em queda desde 2005, mas apresentou forte
crescimento durante o ano de 2013. O aumento se deu em todos os setores da
economia; da indústria ao transporte, passando pela agricultura e às mudanças
no uso do solo. A ser mantido este ritmo de crescimento nas emissões, o Brasil
não conseguirá cumprir as metas voluntariamente assumidas durante a Conferência
sobre o Clima em Copenhague (2009), de reduzir a produção de gases entre 36% e
39% até 2020, em comparação com 1990.
O crescimento das atividades econômicas – apesar do baixo
crescimento nos últimos anos – está colocando o Brasil entre as nações mais
poluidoras do planeta. Nosso nível de emissão de GEE, medido em toneladas de
dióxido de carbono (tCO²), está em 7,8 tCO² por habitante por ano; acima da
média mundial de 7,2 tCO²/habitante/ano. Com isso, “estamos muito longe de uma
economia de baixo carbono”, segundo Tasso Azevedo, coordenador do estudo, em
declaração ao jornal Folha de São Paulo. Dois setores da economia foram os
maiores responsáveis pelo aumento nas emissões de gases: mudança no uso da
terra (leia-se desmatamento) e energia (incluindo os transportes). O primeiro
contribuiu com 16,4% no incremento dos GEE, devido aos desmatamentos na
Amazônia e no Cerrado. No setor de energia, aumentou a queima de óleo
combustível e carvão usado nas usinas termelétricas e cresceu o consumo de
diesel e gasolina no transporte.
Em 2013 o país gerou aproximadamente 3% das emissões
mundiais de GEE, ou seja, 1,56 bilhões de toneladas de CO² ou gás equivalente
(1,56 GtCO²e). Para totalizar este volume de emissões, os setores econômicos contribuíram
percentualmente da seguinte maneira: mudança de solo/desmatamento – 35%;
energia/transportes – 30%; agropecuária – 27%; indústria – 6%; e gestão de
resíduos – 3%. Para que possa atingir suas metas de emissão, o Brasil não
poderá ultrapassar o volume de dois bilhões de toneladas de CO² equivalente (2,2
GtCO²e) anuais de emissão de gases em 2020.
Em Paris, no final de 2015, deverá ocorrer a 21ª Conferência
sobre o Clima (COP 21), cujo grande objetivo será dar continuidade às
discussões em torno do Protocolo de Kyoto, acordo internacional assinado em
1997 que visava reduzir as emissões mundiais de GEE. Diferente das conferências
anteriores, a COP 21 será realizada em novo ambiente político. Os dois maiores
emissores, os Estados Unidos e a China, responsáveis por 50% das emissões mundiais
e sempre avessos a assumirem compromissos de redução de emissões no passado,
estão trabalhando firmemente para baixarem suas emissões domésticas. Com isso,
certamente virão à Paris com o objetivo de aceitar metas de redução e também de
cobrá-las dos países em desenvolvimento – o chamado Grupo dos 77, entre os
quais também se inclui o Brasil. O não cumprimento destas metas de redução
negociadas, segundo especialistas, poderia implicar em sanções comercias às
nações que não mantivessem o que prometeram. Em Paris não haverá mais espaço
para bravatas e promessas sem compromisso em relação ao clima.
(Imagens: fotografias de John Gutmann)
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