"Ver a mente consciente pela ótica da evolução, desde as formas de vida simples até os organismos complexos e hipercomplexos como o nosso, ajuda a naturalizar a mente e mostra que ela é resultado de um aumento progressivo da complexidade no idioma biológico." - Antonio Damasio - E o cérebro criou o homem
O Brasil é o país com o maior potencial de aproveitamento de
energias renováveis em todo o mundo, dada sua extensão territorial e
localização geográfica. Diferente de outros países que optaram por matrizes
energéticas baseadas no petróleo, no carvão e no urânio, estruturamos nossa
geração elétrica sobre a matriz renovável hidráulica. Ainda hoje, apesar de
grande parte dos principais reservatórios da região sudeste estar com baixa
capacidade de água, cerca de 70% da eletricidade consumida no país provêm desta
fonte.
Energia renovável sempre foi a opção mais disponível para
acionar a economia do país. Nos anos 1970, quando o preço do petróleo chegou a
aumentar 400% em alguns meses, o governo implantou um dos maiores programas de
combustível renovável em todo o mundo, o Proálcool. A exploração da
cana-de-açúcar utilizada para produzir o álcool gera excedentes de biomassa – o
bagaço de cana – que é utilizado pelas usinas para gerar eletricidade. Outra
fonte renovável, o óleo vegetal, é a matéria prima principal do programa
nacional do biodiesel, que hoje adiciona 7% de óleo ao diesel de petróleo,
reduzindo importações de óleo mineral e emissões provocadas por sua queima.
Através de outra fonte energética renovável, o vento, o Brasil
produz atualmente mais de cinco mil Megawatts (MW) de eletricidade. O parque
eólico nacional está em rápida expansão, incentivado pela redução dos custos
dos equipamentos, disponibilidade de financiamento privado e público para os
projetos e leilões de compra de energia organizados pelo governo. Em 2014 o
país tornou-se mundialmente o sétimo colocado em número de parques eólicos
instalados, atrás apenas de China, Alemanha, Reino Unido, Índia, Canadá e Estados
Unidos.
A energia solar fotovoltaica é a renovável que até o momento
vinha recebendo pouco apoio do governo. A criação da figura do micro produtor
de energia pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), em 2012, e a
eliminação de impostos na cadeia produtiva, pouco ajudaram a impulsionar este
setor e aumentar a capacidade instalada – hoje em torno de 10 MW. No entanto,
recentemente foi dado um importante passo, que poderá impulsionar o mercado de
energia solar fotovoltaica da mesma forma como ocorreu com a energia eólica há
cinco anos. Através do Leilão de Energia de Reserva foram contratados 889,7 MW
de energia fotovoltaica – praticamente 80 vezes mais do que a capacidade
atualmente instalada – para serem entregues até 2017. A iniciativa de compra
de energia solar através de leilões já havia ocorrido em Pernambuco em 2013, e
teve um impacto local. O leilão nacional ora realizado envolverá um numero
maior de empresas, fortalecendo o setor no país. “Este é um passo
importantíssimo para o fortalecimento da (energia) solar no Brasil. O volume
contratado foi excepcional”, afirmou Bárbara Rubim, da campanha de Clima e
Energia da ONG Greenpeace.
(Imagens: fotografias de Jules Aaron)
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