De maneira diferente ao restante da América Latina e Europa, onde a sociologia começou a ser ensinada no curso superior, no Brasil o ensino da sociologia começou no curso secundário. No Rio de Janeiro o ensino da sociologia teve início no tradicional colégio Pedro II; em São Paulo e Recife em escolas normais, que – equivalentes ao atual nível médio – preparavam professores para o ensino básico. Deduz-se disto, que o ensino da sociologia no Brasil não visava formar novos professores desta matéria. As cadeiras de sociologia nas escolas, como dizem os próprios historiadores da matéria, eram dadas a autodidatas, profissionais sem conhecimentos aprofundados sobre a disciplina.
É somente a partir de 1933 que passa a existir um
curso superior de sociologia, na escola livre de Sociologia e Política de São
Paulo. Neste início do ensino da sociologia no Brasil, grande parte dos
professores era de origem estrangeira, como pode ser constatado do quadro de
professores da Universidade de São Paulo (USP), fundada em 1934.
O ensino da sociologia foi se desenvolvendo,
principalmente no estado de São Paulo, onde grandes nomes como Florestan
Fernandes se destacavam como docentes da USP. Em 1958 o educador Anísio
Teixeira funda no Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos; o Núcleo de
produção de estudos da Sociologia da Educação, que se dedicará a produzir
pesquisas nesta área. A iniciativa, no entanto, foi suspensa com as novas
diretrizes educacionais estabelecidas depois do golpe militar de 1964. Em 1968,
com a reforma do ensino, a pesquisa universitária passa a ser definitivamente
desvinculada do ensino. A partir daí ocorre um crescente distanciamento da
pesquisa e do ensino da sociologia que perdura até hoje.
Um dos grandes debates referentes ao ensino da
sociologia no nível médio na década de 80 e 90 era com relação à qualidade do
material didático. Não havia material específico; os manuais eram generalistas
ou eram publicações destinadas aos primeiros semestres dos cursos de ciências
humanas e jornalismo. Outro aspecto é que as escolas de ciências sociais, como
a escola da USP, não se preocuparam em criar cursos específicos para a formação
de professores para o ensino secundário. Além disso, não havia material
disponível para os professores; não havia uma prática longamente experimentada
e implantada.
Parte destes problemas começou a ser resolvida com a
nova Lei das Diretrizes de Base (LDB nº 9.394/96), que também estabeleceu
alguns aspectos no ensino da sociologia no nível médio. Mesmo assim, no
entanto, os parâmetros do ensino desta matéria ainda não estão totalmente
unificados, havendo grandes variações na sistemática e no conteúdo de escola
para escola. Outro aspecto é que o ensino da sociologia, apesar de obrigatório no nível médio,
ainda não está implantado no currículo de todas as instituições de ensino. Persiste a falta de
material didático específico e ainda não existem professores capacitados em
número suficiente.
Lançadas as bases para o ensino de matérias banidas
pelo período ditatorial, como a filosofia e a sociologia, é preciso que o
Ministério da Educação e as secretarias estaduais efetivamente se envolvam com
o tema, estabelecendo as diretrizes para o ensino científico da sociologia,
impedindo que a matéria seja ministrada sob a ótica de ideologias e metodologias
políticas reducionistas.
(Imagens: trabalho na Idade Média)
(Imagens: trabalho na Idade Média)
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