Patrimônio da Humanidade é
juridicamente considerado um bem material ou imaterial sob a tutela de um
governo ou instituição. Foi criado pela Organização das Nações Unidas para a
Educação Ciência e Cultura (UNESCO) em 1972, para proteger edifícios, monumentos,
ilhas, montanhas, florestas ou cidades, que por suas características
históricas, culturais, científicas ou ambientais são um bem importante de ser
preservado no interesse de toda a humanidade. A ideia de criar a figura jurídica
do patrimônio da humanidade surgiu em 1959, quando o Egito decidiu construir a
represa de Assuã; obra que inundaria monumentos
da antiga civilização egípcia. Com recursos arrecadados pela ONU, templos e
monumentos puderam ser removidos para locais afastados da represa, ficando
preservados para a posteridade.
Além do valor sentimental
para um povo, uma cultura ou religião, o patrimônio histórico também pode ter
valor estético, cultural, científico e histórico para outros povos e culturas.
A cidade de Jerusalém, por exemplo, tem valor religioso e cultural para muitas
nações, culturas e religiões. Além disso, a metrópole tem valor histórico e
arqueológico para cientistas e estudiosos de todos o mundo, interessados em pesquisar
este importante foco cultural e político na Antiguidade. Sob esta ótica, o patrimônio
histórico é um local no qual aprendemos algo de novo; seja individualmente,
visitando o Coliseu romano e imaginando os grandes espetáculos ali ocorridos;
ou como sociedade, quando biólogos descobrem uma nova espécie de mamífero em
uma floresta protegida.
A história nos relata que no
passado os locais de interesse cultural, histórico ou científico raramente eram
preservados. Guerras, revoltas, lutas religiosas, terremotos e incêndios - além
da incapacidade de compreender o valor
cultural e científico das coisas - fizeram com que muitas obras humanas e
naturais fossem destruídas ao longo dos últimos cinco ou seis mil anos de
história. Os relatos históricos sobre civilizações, cidades, construções e
obras de arte da Antiguidade, nos dão uma ideia do volume de informações que
perdemos sobre o nosso passado. Até que ponto, nossa civilização seria
atualmente diferente, se, por exemplo, a famosa biblioteca de Alexandria,
fundada no terceiro século antes da era cristã, tivesse escapado ao incêndio
que a destruiu no século VII? A coleção continha todas importantes obras de
cientistas, artistas, filósofos, escritores e historiadores da Antiguidade;
conhecimento que nunca chegou até nós.
O filósofo Karl Marx dizia
que "A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como
farsa". Infelizmente, quando se trata da destruição do patrimônio da
humanidade, a história é sempre uma tragédia. Os frequentes ataques a museus e
obras de arte antiga, culminando com a destruição das ruínas da milenar cidade
assíria de Nimrud, perpetradas pela milícia do Estado Islâmico, são um atentado
contra toda a humanidade. Da mesma forma, no entanto, devemos classificar a
sistemática destruição de florestas ou ecossistemas únicos, habitados por
espécies desconhecidas e que estão sendo definitivamente eliminadas.
Patrimônio da humanidade é
um bem que pertence a todos. Não pode ser utilizado e destruído sob qualquer
argumento; seja por causa político-religiosa, como no caso das ruínas de Nimrud,
ou para gerar lucros para grupos econômicos, como na derrubada da floresta
amazônica.
(Imagens: pinturas de Edward Hopper)
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