Um acordo histórico sobre a
limitação das emissões de gases causadores das mudanças climáticas foi assinado
em 12 de dezembro de 2015. Ao todo foram 195 países, que reunidos em Paris
durante o Fórum Mundial do Clima promovido pela ONU, acordaram em limitar gradualmente
suas emissões. Os dois pontos mais importantes acordados durante o evento foram:
estabelecer o limite de 1,5ºC para o aumento da temperatura da atmosfera até o final
do século; e instituir um fundo através do qual as nações ricas financiarão
projetos em países pobres e em desenvolvimento - já previsto no passado mas
nunca implantado.
Ainda não existe um
detalhamento de como estas resoluções serão postas em prática, o que deverá ser
decidido em reuniões posteriores. No entanto, para atingir as metas de emissões
mundiais, os cientistas preveem que nos próximos 50 anos o saldo das emissões
de gases deverá estar praticamente em torno de zero.
Esta meta implica uma grande
mudança no funcionamento do sistema econômico mundial, que ainda depende dos combustíveis
fósseis para a maior parte do seu suprimento de energia - cerca de 80%. Afora
isso, muitos dos materiais usados pela moderna tecnologia - plásticos, tintas,
defensivos agrícolas, insumos para construção e indústria do consumo, são
fabricados a partir de derivados do petróleo. A produção de energia e de produtos
ainda está em grande parte baseada nos insumos fósseis.
Não é por outra razão que o
mundo está substituindo as energias fósseis pelas renováveis. A construção de
unidades geradoras funcionando com insumos renováveis (sol, água, vento,
biomassa, etc.) já excede os geradores operando com combustíveis fósseis
(carvão, petróleo, gás natural, xisto, etc.). As pesquisas de novos materiais,
visando substituir os polímeros (plásticos) de petróleo por outros de origem
natural também avançam, principalmente nos países industrializados. As opções
já são as mais diversas - derivados de plantas, algas e produtos orgânicos. Os
maiores impedimentos, no entanto, continuam sendo os custos da pesquisa e a
fabricação de volumes suficientes para uma escala de produção economicamente
viável.
Cerca de 30% das emissões
nacionais são originadas pelas mudanças do uso da terra (eufemismo para
desmatamento) e outros 30% por atividades agropecuárias. A geração de energia
emite outros 30%; a indústria e a gestão de resíduos contribuem juntas com
pouco mais de 8%. As ações e investimentos na redução das emissões brasileiras
deverão focar: a) a eliminação do desmatamento ilegal na Amazônia e no Cerrado;
b) a redução das emissões do setor pecuário e da agricultura; e c)
investimentos em programas de eficiência energética e projetos de energias
renováveis. As emissões geradas pelos resíduos sólidos urbanos deverão ser
gradualmente reduzidas com a efetiva implantação da Política Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS). O setor industrial, pressionado pela necessidade da
inovação tecnológica e pela concorrência internacional, cuidará de reduzir suas
próprias emissões.
Uma das decisões
estratégicas a serem tomadas por futuros governos diz respeito ao papel que a
Petrobrás terá na futura política energética do país. Se o petróleo perder sua
importância como combustível da economia global, quais serão as prioridades da
petroleira e em que áreas passará a atuar? É preciso pensar nisso hoje e
preparar o futuro.
(Imagens: pinturas de Guto Lacaz)
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