A revista científica
americana "Nature" publicou recentemente um estudo, mostrando que a
redução do desmatamento na Amazônia fez cair o índice de doenças pulmonares em
toda a América do Sul. O trabalho foi realizado através de uma parceria da
Universidade de São Paulo (USP) com especialistas das universidades de Leeds e
Manchester (Inglaterra) e do Massachussetts Institute of Technology (MIT), dos
Estados Unidos. O tema principal da pesquisa é a emissão de aerossóis
(micropartículas carregadas pelo ar) através da queima da floresta (biomassa) e
seus efeitos sobre o clima e a qualidade do ar (http://www.nature.com/news/amazon-fire-analysis-hits-new-heights-1.11467).
O estudo mostrou que a
diminuição do desmatamento na Amazônia entre 2001 e 2012 tem permitido uma
redução de 30% no material particulado (aerossóis), além de reduzir os níveis
de ozônio, monóxido de carbono, óxido de nitrogênio e outras substâncias
poluentes emitidas durante a queima da floresta. Esta diminuição dos níveis de
poluição também foi constatada em toda a região sul do Brasil, na Argentina, no
Paraguai e no norte da Bolívia. A queda do desmatamento deve-se ao aumento do
controle sobre a região por parte do governo e, principalmente, aos acordos
assinados entre empresas produtoras e compradoras de soja e carne bovina,
atestando que os produtos não são originários de áreas de desmatamento.
Através da comparação dos
dados deste estudo com outros, a equipe de pesquisadores pôde concluir que à
redução do desmatamento correspondeu uma queda nos números de casos de doenças
e mortes precoces, causadas pela poluição atmosférica. A diminuição de 40% no
desmatamento, estima o estudo, poupou a vida de 1,7 milhões de pessoas das
regiões afetadas pela poluição. É a primeira vez que um estudo desta
abrangência pôde mostrar a relação direta entre a derrubada da floresta
amazônica, a poluição atmosférica no cone sul do continente e as mortes daí
resultantes.
A pesquisa científica
identifica, cada vez mais claramente, a relação existente entre os sistemas
ecológicos e os seres vivos, que aparentemente nada têm em comum por estarem
distantes. Há trinta ou quarenta anos atrás, quem imaginaria que as queimadas na
floresta amazônica, tão extensa e tão distante (do sul do continente), poderiam
ter algum efeito sobre a saúde das pessoas em São Paulo, Assunção ou Buenos
Aires?
Se a floresta amazônica,
distante milhares de quilômetros da região sul e sudeste do Brasil, pode
exercer tanta interferência no clima e na qualidade do ar, o que dizer da Mata
Atlântica, localizada praticamente na periferia das cidades e na de grandes metrópoles, como Rio de Janeiro e São Paulo? Vale lembrar que quase toda a ocupação do país se deu através de regiões dominadas por esta floresta e que ainda hoje, cerca de 50% da população do país ainda habita áreas de influência deste bioma.
Atlântica, localizada praticamente na periferia das cidades e na de grandes metrópoles, como Rio de Janeiro e São Paulo? Vale lembrar que quase toda a ocupação do país se deu através de regiões dominadas por esta floresta e que ainda hoje, cerca de 50% da população do país ainda habita áreas de influência deste bioma.
A preservação das florestas
e de outros biomas deveria ser prioridade nas macro estratégias de todos os
governos. A relação destas áreas naturais com o clima, os recursos hídricos, a
qualidade do ar e diversos outros aspectos do ambiente urbano e rural, ainda
são em grande parte desconhecidos. A destruição destes recursos naturais em
nome da expansão econômica e do crescimento populacional causará fenômenos
imprevisíveis - a crise hídrica é um pequeno exemplo disso.
(Imagens: pinturas de Aluisio Carvão)
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