"Não há necessidade de considerar o cinema como uma arte totalmente nova. Em sua forma ficcional, ele tem a mesma finalidade do romance, tal como o romance tem a mesma finalidade do drama." - Graham Greene - Reflexões
O desastre ambiental de
Mariana, que lançou milhões de toneladas de lama de mineração no vale do rio
Doce, deve funcionar como um marco na história da proteção ao meio ambiente no
Brasil. O maior acidente do tipo ocorrido no Brasil, afetou a vida de milhões
de pessoas de Minas Gerais e Espírito Santo, além de destruir centenas de
espécies de animais e seus habitat.
Tudo isto faz - ou pelo menos deveria fazer - com que autoridades acompanhem o
caso com a devida atenção, fazendo com que a empresa Samarco e seu
proprietários, causadores do acidente, arquem com todos os custos de reparação
da destruição causada.
É de se esperar que o
"caso Mariana" forme uma nova mentalidade ambiental no Brasil. Assim,
setores econômicos cujas atividades podem causar dano ao meio ambiente onde
atuam, deverão tomar providências para minorar o risco. O Ministério do Meio
Ambiente, secretarias e agências ambientais não poderão mais aprovar projetos
com alto risco ambiental, sem que medidas concretas de prevenção, baseadas na
melhor tecnologia disponível, estejam previstas nas obras - e sejam
efetivamente aplicadas.
Exemplo disso é o estudo
feito pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) que representa
as empresas exploradoras de petróleo. O trabalho, realizado com o apoio técnico
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)
mapeou o litoral brasileiro do Amapá ao Rio Grande do Norte. Adicionalmente
também foram estudadas outras 78 áreas do litoral brasileiros - como a Lagoa
dos Patos (RS), a Baía de Paranaguá (PR), Praia Grande (SP), Baía da Guanabara
(RJ), Lagoa de Araruama (RJ), Ilha de Boipeba (BA), Delta do Parnaíba (MA),
Baía de Marajó (PA) e a Ilha de Itamaracá (PE). Neste estudo foi constatado que
a atividade petrolífera entre o Amapá e o Rio Grande do Norte ameaça em maior
ou menor grau, dependendo do tipo de atividade na região, cerca de 120 espécies
de animais, dentre os quais 56 espécies de aves, 46 de mamíferos e 18 de
répteis e anfíbios. O impacto da atividade às espécies no restante do litoral
brasileiro será acrescido ao estudo em 2016.
Os organizadores do estudo
afirmam que a pesquisa poderá dar mais agilidade na emissão de licenças para
atividades petrolíferas e dar subsídios para a elaboração de um Plano Nacional
de Contingência, que é acionado em caso de acidentes. Este plano até hoje ainda
está em fase de estudos. Apesar do acidente com vazamento de petróleo ocorrido
em novembro de 2011, envolvendo a empresa Chevron, pouco foi efetivamente colocado
em prática. Agora, o "caso Mariana" deve ter despertado atenção e
preocupação no setor.
O controle das atividades
econômicas e de seus impactos deve aumentar ao longo dos próximos anos.
Emissões de gases, destruição de ecossistemas, preservação de vegetação
original e de espécies marinhas, são temas que cada vez mais tomarão
importância. O recente impasse surgido entre o Ministério do Meio Ambiente e
pescadores de diversas regiões brasileiras já é um indício do que deverá
ocorrer no futuro próximo. Com uma portaria, o ministério proibia a pesca de
diversos tipos de peixes, crustáceos e moluscos, ameaçados de extinção. A
portaria foi suspensa e as espécies voltaram a ser pescadas, mas o impasse
permanece. As atividades econômicas não podem mais ignorar seus impactos
ambientais.
(Imagens: fotografias de Weegee)
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