"Diante destes fatos devemos afirmar que o inconsciente contém, não só componentes de ordem pessoal, mas também impessoal, coletiva, sob forma de categorias herdadas ou arquétipos." Carl Gustav Jung - O Eu e o Inconsciente
Voltam as festas de final de
ano e, como sempre acontece, milhões de pessoas dirigem-se ao interior e ao
litoral para passar os feriados. Estradas congestionadas, acidentes; milhões de
horas perdidas pelos turistas, deslocando-se de um lugar a outro. Os feriados
seriam muito mais agradáveis, se este tempo perdido, sentado dentro dos
automóveis, pudesse ser empregado passando mais algumas horas na praia ou se
divertindo com amigos. Mas do jeito como funciona o turismo e o lazer no
Brasil, isto dificilmente será possível.
O problemas, como já
escrevemos uma vez nesta coluna, começam nas grandes cidades. Sem suficientes
opções de lazer, principalmente na periferia dos grandes centros urbanos, os
moradores das regiões metropolitanas ficam limitados a frequentarem shopping
centers, cinemas, shows de música, algumas
exposições e os poucos parques urbanos disponíveis. A exceção são as grandes
capitais litorâneas do Nordeste, a cidade do Rio de Janeiro, Florianópolis e
mais uma ou outra cidade de maior porte localizada no litoral, como Santos. No
entanto, mesmo assim, a população que mora na periferia destas cidades, situada
longe do mar, encontra seu principal lazer na praia. Mesmo porque, outros
logradouros, quando existem, muitas vezes são mal cuidados e com pouca
segurança, frequentados por assaltantes e consumidores de drogas.
Assim, basta surgir um
feriado - o Reveillon e o Carnaval são festas muito especiais na cultura
popular brasileira - para que grandes massas se desloquem para as praias. Uns,
vindo de longe e utilizando as autoestradas, e outros, deslocando-se dentro da
própria cidade ou região metropolitana, como ocorre no Rio de Janeiro, em
Salvador e outras.
Se as cidades tivessem uma
melhor infraestrutura, formada por clubes públicos com infraestrutura para a
prática de esportes, piscinas, áreas de lazer e bosques - efetivamente em
funcionamento e bem administrados - a população teria mais opções de lazer. Os
clubes com piscinas públicas, nos quais os cidadãos passam a ter contato com os
esportes aquáticos, são muito comuns na Europa e deveriam ser construídos em
grande número nas cidades brasileiras - principalmente considerando o clima
tropical do país, onde em sua maior parte é possível utilizar a piscina durante
o ano todo.
Inúmeros fatores contribuem
assim para estes imensos deslocamentos de pessoas a todo final de ano, que
tanto contribuem para sobrecarregar a infraestrutura das cidades turísticas.
Desde a falta de investimentos em lazer nas grandes cidades, passando pelo alto
custo das viagens para outras regiões (passagens aéreas, alimentação e hotéis),
até a incerteza da economia. A opção próxima e barata são então as cidades do
litoral, principalmente nos estados do Sudeste e do Sul.
(Imagens: desenhos de Vilanova Artigas)
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