(originalmente publicado no site www.ricardorose.com.br)
No final de 2016, perto da
chegada do Ano Novo, encontrávamos pessoas desejando um Feliz 2018. Seguindo a
sequência de tempos ruins que teve início em final de 2014, parece que 2017 não
trará grandes novidades, em nenhum aspecto.
No plano econômico não são
esperadas surpresas. A inflação está caindo desde o final de 2016 e os juros
deverão iniciar sua queda lenta e gradual ao longo do ano, dependendo da
cautela do Banco Central. Mas nada que volte a ativar o consumo, já que o número
de desempregados ainda continuará em ascensão até o segundo semestre de 2017. A
indústria, que apresenta dados melhores - a queda da produção industrial está gradualmente
caindo menos - desde o final do último ano, deve recuperar-se lentamente, dependendo
do vagaroso aumento da demanda. Assim, na economia, o quadro não é muito
animador.
Na política o ambiente é
confuso: o espectro da Lava Jato continua rondando o Congresso, o Judiciário
tem forte participação do processo político e há uma crônica ausência de
verdadeiras lideranças, principalmente tendo em vista as eleições de 2018. O
governo conseguiu aprovar a PEC 241 que limita os gastos públicos e encaminhou
a PEC 287 da Reforma da Previdência. Além disso, Temer conseguiu que a Câmara
aprovasse o PL 4330/04 que flexibiliza a CLT, projeto que agora espera uma
aprovação do Senado. Se por um lado foi capaz de estabelecer limites para os
gastos públicos e encaminhar outras providências de cunho liberal, o governo
continua e continuará a enfrentar forte oposição, principalmente de centrais
sindicais, funcionários públicos e categorias profissionais com sindicatos
fortes – metalúrgicos, bancários, químicos, entre outros. Para o restante dos
trabalhadores, sem forte representação sindical e pressionados pela crise
econômica, as medidas talvez ajudem a tornar o mercado de trabalho um pouco
mais dinâmico e propício às contratações. Um dos itens que ainda falta discutir
seriamente é a situação do serviço público, principalmente o federal, cada vez
mais cumulado de privilégios.
O meio ambiente
definitivamente não constou da agenda dos dois governos (Dilma e Temer) em
2016. Os investimentos em saneamento, por exemplo, segundo dados do Sistema
Nacional de Informação sobre Saneamento (SNIS), coordenado pelo Ministério das
Cidades, caíram em 9%, diminuindo de R$ 13,9 bilhões em 2014 para R$ 12,7
bilhões em 2015. Lembremos que segundo dados do Banco Mundial, ainda da década
passada, o país deveria investir cerca de R$ 25 bilhões anuais para alcançar
cobertura completa de saneamento até 2030. Para 2017 o governo falou em
projetos de concessão de serviços públicos para o setor privado, mas não
mencionou o setor de saneamento.
A gestão de resíduos, cujo
principal tema é a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), avança gradualmente
entre as empresas e associações do setor privado, notadamente nos grandes
grupos econômicos que geram grandes volumes de resíduos. As prefeituras
praticamente ignoram o assunto, notadamente as cidades de menor população,
cujos prefeitos serão obrigados a implantarem uma política de gestão de
resíduos somente em quatro a seis anos – quando gestores muito provavelmente já
não estarão mais nos cargos.
A novidade positiva no setor
é que em função da crise hídrica e econômica a população está aprendendo a
utilizar melhor recursos como água, eletricidade e outros insumos. A falta de
recursos para manter o consumo aliado ao aumento das tarifas, fez com que os
consumidores reduzissem em média em 20% o consumo de eletricidade e água. Paralelamente,
grandes empresas dependentes de água estão investindo em projetos de
recuperação de vegetação, visando aumentar o volume do líquido disponível nas
bacias hidrográficas.
(Imagem: pintura de Thomas Gainsborough)
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