Oceano
O oceano nos parece uma das
últimas fronteiras selvagens da Terra - até a partir da perspectiva de uma praia. Olhando daqui da areia, supomos que nada foi escavado, barrado, aterrado... E não foi
mesmo. A água do mar é aparentemente limpa, as ondas brancas iluminadas pelo
Sol ao entardecer. Como na época da Descoberta!
O que não vemos é a ação dos
esgotos que, longe daqui, correm sorrateiramente para a água do mar. Do lixo
que, boiando em rios, avança para o oceano. Do plástico, que aos poucos se
desfaz e penetra na cadeia alimentar marinha... Dos pescadores, longe de nossas
vistas, a dezenas ou centenas de quilômetros águas adentro, coletando tudo o que é
possível.
A aparente incorrupta
natureza do mar é uma ilusão. As águas estão aqui em frente a mim, mas,
pensando melhor, podem estar se transformando em uma piscina inerte de água
salgada, aparente limpa (pelo menos vista aqui da praia), mas sem vida.
(Imagem: gravura representando C.G. Lichtenberg)
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