Notas rápidas (homenagem a G. C. Lichtenberg)

quarta-feira, 25 de abril de 2018


Oceano


O oceano nos parece uma das últimas fronteiras selvagens da Terra - até a partir da perspectiva de uma praia. Olhando daqui da areia, supomos que nada foi escavado, barrado, aterrado... E não foi mesmo. A água do mar é aparentemente limpa, as ondas brancas iluminadas pelo Sol ao entardecer. Como na época da Descoberta!

O que não vemos é a ação dos esgotos que, longe daqui, correm sorrateiramente para a água do mar. Do lixo que, boiando em rios, avança para o oceano. Do plástico, que aos poucos se desfaz e penetra na cadeia alimentar marinha... Dos pescadores, longe de nossas vistas, a dezenas ou centenas de quilômetros águas adentro, coletando tudo o que é possível.

A aparente incorrupta natureza do mar é uma ilusão. As águas estão aqui em frente a mim, mas, pensando melhor, podem estar se transformando em uma piscina inerte de água salgada, aparente limpa (pelo menos vista aqui da praia), mas sem vida.    

(Imagem: gravura representando C.G. Lichtenberg)

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