Dualismo e sentido da história (final)

sábado, 14 de julho de 2018
"O modernismo é de essência democrática: ele separa a arte da tradição e da imitação e, simultaneamente, coordena um processo de legitimação de todos os temas."   -   Gilles Lipovetsky   - A Era do Vazio

O pensamento moderno acabou com o dualismo “matéria – espírito”, pelo menos como o enxerga a religião. A tendência no pensamento filosófico de uma forma geral, acentuadamente a partir do início do século XX, é o de um monismo materialista ou fisicalista. Não existe nenhum mundo ou dimensão além deste que vivemos, dominado pela matéria e pela energia. Com relação ao sentido da história, é conceito comum entre a maioria dos pensadores, que a história não tem qualquer sentido, além daquele que o homem possa lhe dar.

Diferente do que pensam as religiões, a visão moderna, influenciada principalmente pela ciência, não vê sentido algum - como finalidade última - na história individual, na história da humanidade ou na história do universo. Este, passa por diversas fases de desenvolvimento desde seu surgimento com uma explosão inicial (conhecida como teoria do “big-bang”) até acabar em morte térmica depois de centenas de bilhões de anos, segundo uma das teorias da ciência.

O avanço das pesquisas na astrofísica e da cosmologia permite atualmente a construção de outras teorias – baseadas em projeções matemáticas – que apresentam diferentes variantes do surgimento e evolução do universo. A hipótese do “universo cíclico”, diz que o atual universo no qual existimos não é o único nem o primeiro; cálculos baseados em teorias físicas permitem afirmar que antes existiam outros e ao atual se seguirão novos. Outra teoria, a dos multiversos, diz que além do nosso também existe um número muito grande de outros universos, cada um com características diferentes do nosso.

Assim, fora de uma visão religiosa da história do universo e da humana, a moderna ciência e a filosofia não pensam mais em um “sentido último” ou em uma “outra dimensão”, na forma de um mundo além deste. Tal posição já vinha se delineando na maioria dos pensadores no final do século XIX, com as descobertas das ciências físicas e com as ideias da filosofia. A ideia do universo e do desenrolar histórico completamente “dessacralizado”, como dizia o sociólogo Max Weber, tornou-se hegemônica ao longo do século XX. 
(Imagens: Christian Rohlfs) 

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