Parcela do todo
Nossa
mais sofisticada maneira de olhar o universo é a ciência.
A
ciência, no entanto, é baseada em nossas percepções; não é a realidade em si.
Isto por dois motivos. Primeiro, porque todos os instrumentos da ciência são
baseados na nossa maneira de ver a natureza, o universo. Nossos telescópios,
microscópios, aparelhos de comunicação, ferramentas; tudo foi desenvolvido
baseado na maneira como vemos e também agimos no mundo, dada a forma de nossa anatomia.
Segundo,
sabemos através da nossa ciência que nossa maneira de experimentar, de ver o
mundo, não é absoluta; é especificamente humana. As outras espécies, com diversas
variações, não enxergam, degustam, tateiam, escutam o mundo como nós.
Assim,
parodiando o filósofo Heráclito de Éfeso do século V AEC, podemos dizer que se os animais
tivessem um ciência – e uma tecnologia, talvez como consequência – interpretariam e agiriam no mundo de
acordo com suas percepções. Haveria, talvez, uma civilização tecnológica da
formiga, ou talvez dos golfinhos...
Essa
ideia é muito bonita. Permite imaginar que não somos as mais importantes
criaturas da Terra – ou talvez do universo. Desenvolvemos o que chamamos de "mente" por um acidente da evolução, mas podemos e devemos pensar que somos
apenas uma pequena parcela do todo, junto com as outras criaturas vivas (e, talvez, até com o resto).
(Imagem: gravura representando G. C. LIchtenberg)
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