"Mas para quem clamar nesta espécie de solidão, nesta véspera de graves acontecimentos decisivos, não só para as elites brasileiras como para o próprio homem?" - Augusto Frederico Schmidt - Antologia de Prosa
Empresas em todo mundo estão realizando
investimentos para diminuir o impacto ambiental de suas atividades. Há alguns
anos, um grupo de investidores institucionais representando ativos de mais de
90 trilhões de dólares, solicitou às 5.500 maiores empresas públicas do mundo
que divulgassem seus dados ambientais – uso de água, emissões de CO², utilização
de recursos naturais, etc., – bem como suas ações para prevenir as mudanças
climáticas e proteger o meio ambiente. A iniciativa foi coordenada pela instituição
internacional “Carbon Disclosure Project” (https://www.cdp.net/en/companies),
atuando principalmente na redução das emissões que causam as mudanças do clima.
Como esta, são inúmeras as instituições e
associações empresariais já bastante avançadas na discussão e implantação de
ações que visem reduzir o impacto ambiental das atividades de seus associados. Programas
deste tipo ocorrem principalmente na Europa, Japão e Estados Unidos, mas ainda
são muito raros no Brasil, onde se limitam principalmente às grandes indústrias
multinacionais, grandes empresas brasileiras e algumas poucas estatais.
Grande parte das empresas brasileiras, não
importando o porte do negócio, ainda não tem uma visão estratégica da questão
ambiental. Para a maioria dos empresários a preservação dos recursos naturais
nem é cogitada ainda. E quando este tema entra em discussão, é somente para
criticá-lo, referindo-se à sustentabilidade como apenas mais um empecilho,
criado com o objetivo de dificultar ainda mais a vida do empreendedor e trazer
receitas adicionais ao governo.
A culpa desta visão não é apenas do
empreendedor. Precisamos considerar que muitos, talvez a maior parte dos chefes
de empresas e daqueles que detêm posições de comando nos empreendimentos, têm falhas
em sua formação profissional. A sua maioria, principalmente os pequenos
empreendedores teve limitado acesso à educação formal, frequentando muitas
vezes instituições de baixo nível de ensino, longe dos centros educacionalmente
mais avançados. Mesmo aqueles que passaram mais anos nos bancos escolares, não receberam
as informações que somente nos últimos anos passaram a fazer parte dos
currículos de escolas e universidades. A questão ambiental, a ecologia e do uso
mais eficiente dos recursos, são matérias que surgiram apenas há poucos anos
nas escolas e nos cursos superiores.
Este é um dos fatores pelos quais em grande
parte dos empreendimentos no Brasil – extração, agricultura, indústria e
comércio – a questão da sustentabilidade ainda não é encarada como fator importante
no dia a dia dos negócios. Isto também ocorre porque os próprios consumidores
ainda estão mal informados sobre o assunto, enquanto órgãos controladores são poucos
e, muitas vezes mal preparados. No entanto, à proporção que aumentar o nível de
conscientização ambiental da população, com a ajuda das instituições de ensino,
das ONGs, da imprensa e das mídias sociais, crescerá também o grau de cobrança
em relação a produtores e comerciantes. Esta fiscalização e pressão exercida
pela sociedade civil, certamente forçará o governo – Legislativo e Executivo –
a criar leis e mecanismos de controle ambiental mais eficientes e contundentes.
Informações estão disponíveis desde já,
mostrando que a proteção dos recursos não é um empecilho para o exercício do
empreendedorismo, como tantas vezes empresários mal intencionados e até
burocratas do governo declaram, ao contrário. O que os empreendedores
esclarecidos já perceberam é que sem a preservação dos recursos naturais estes
se acabam, logo depois dos últimos empresários terem desaparecido.
(Imagens: fotografias de Pierre Verger)
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