"Perguntou-se ao senhor de Fontenelle moribundo: 'Como vai indo?', 'Não vou indo, estou indo embora.'" - Chamfort - Pensamentos, máximas e anedotas
Enquanto a juventude europeia e norte
americana cobra ações de seus governos contra o aquecimento global e políticos
de partidos ligados à causa ambiental passam a ocupar um número maior de
cadeiras no Parlamento Europeu, no Brasil a causa ambiental sofre uma sucessão
de retrocessos.
Não é de hoje que assistimos a uma
crescente animosidade em relação a temas ambientais por parte do governo
brasileiro. Assim, apesar dos vários acertos nesta área, Lula em seu governo, pressionado
pelo setor empresarial, chegou a afirmar por diversas vezes que o licenciamento
estaria atrapalhando o início de diversas obras de infraestrutura. Tais
críticas acabaram por precipitar a saída da então ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva.
Já o primeiro governo Dilma foi para
muitos ambientalistas “o pior da história para o meio ambiente”, como disse em
entrevista à revista IHU Online, publicada em 20/01/2014, o geógrafo e diretor
de políticas públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani. Alteração
do Código Florestal, ausência de criação de novas Unidades de Conservação (UC)
e aumento do desmatamento na região amazônica, foram algumas das principais
críticas ao governo Dilma.
O descaso em relação à proteção dos
recursos naturais só aumentou no governo Temer. Começando com a tentativa de
aprovar o Renca – projeto de mineração em áreas indígenas, felizmente não
aprovado por causa de protestos no Brasil e no exterior –, a fragilização da
legislação ambiental, a redução das áreas de Unidades de Conservação e a
flexibilização do licenciamento ambiental; foram diversas as iniciativas rumo
ao retrocesso. No entanto, como ponto positivo no governo Temer, cabe ressaltar
a assinatura da ratificação do Acordo de Paris, pacto mundial de limitação das
emissões de gases de efeito estufa.
Na área ambiental o governo de Jair
Bolsonaro só vem acentuando a má atuação dos governos anteriores. A começar por
declarações do próprio presidente, noticiadas antes da posse: planejava retirar
o Brasil do Acordo de Paris. A saída do acordo climático traria a redução de
recursos financeiros internacionais, utilizados internamente para implantação e
manutenção de projetos ambientais de impacto social e econômico. Uma segunda
hipótese é que ao deixar o Acordo, o Brasil poderia ser alvo de sanções
econômicas por parte de países pertencentes ao pacto. Felizmente, tal saída não
se concretizou, apesar da declaração do ministro das Relações Exteriores,
Ernesto Araújo, de que a “ideologia das mudanças climáticas” havia sido criada pela
esquerda globalista.
Outra ideia de Bolsonaro, a de acabar
com o Ministério do Meio Ambiente sujeitando-o ao ministério da Agricultura,
gerou muitos protestos, fazendo com que o plano fosse abandonado. A indicação
de Ricardo Salles, ex-secretário de Meio Ambiente do estado de São Paulo e
condenado em primeira instância por fraude na elaboração de plano de manejo em
uma Área de Proteção Ambiental em favor de empresas mineradoras, também não
ajudou a melhorar a imagem do governo nesta área. Depois disso foram
promulgadas uma série de medidas e decretos, que começaram a minar o ministério
de Meio Ambiente, limitando sua capacidade de atuação. Com tudo isso, aumentam
exponencialmente os índices de desmatamento na região amazônica; saneamento e
gestão de resíduos urbanos não avançam; cresce o uso de agrotóxicos. A situação
é muito grave.
(Imagens: Isaac Levitan)
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