Principais efeitos toxicológicos das
substâncias inorgânicas e orgânicas
Os efeitos toxicológicos sobre os
organismos são vários. Segundo classificação da agência ambiental do Estado de
São Paulo (CETESB), tomando como base os efeitos fisiológicos das substâncias
tóxicas, os principais efeitos são os seguintes:
a) efeitos no sistema respiratório
irritação, constipação dos brônquios,
sensação de não poder respirar (dispneia). Dano causado às células do trato
respiratório, provocando liberação de líquidos e espasmos internos, resultando
em acúmulo de edema. Além desses efeitos, podem aparecer reações alérgicas. As
principais substâncias que podem provocar tais efeitos são:
Inorgânicos: cloro, dióxido de enxofre,
cromo, dióxido de nitrogênio, amoníaco.
Orgânicos: formaldeído
b) trato gastrintestinal e pele
Ambas são áreas do corpo que primeiro
entram em contato com substâncias tóxicas, através de alimentos, líquidos
ingeridos, pó. Efeitos mais comuns é a mudança das células do trato
gastrintestinal, irritação e inchaço da pele. O arsênio, presente em
inseticidas e em fontes de água subterrânea (como na Índia e em Bangladesh)
pode causar feridas na pela, que não cicatrizam e, em estágios mais avançados
pode causar gangrena. O cadmio pode causar sérias irritações do sistema
gastrointestinal.
c) Sistema circulatório
É através do sangue que as substâncias
químicas tóxicas são carregadas para todos os órgãos. Quando a intoxicação
atinge altos níveis, há um comprometimento de vários órgãos, chama de
intoxicação sistêmica. Algumas substâncias atuam diretamente no sangue,
alterando sua constituição química e outras, através da corrente sanguínea
exercem efeito em outros órgãos. Um exemplo de atuação de substância orgânica é
o efeito do monóxido de carbono, que inalado une-se à hemoglobina (principal
elemento constitutivo do sangue) e produz a carboxihemoglobina, o que impede o
transporte do oxigênio através do sangue, oxigenando os tecidos dos órgãos. Um
elemento que pode causar problemas de hipertensão e lesões no coração é o
cádmio, utilizado no passado na amálgama dentária junto com o mercúrio.
d) Efeito no sistema nervoso:
Este sistema está relacionado com todas
as funções físicas e mentais do organismo. Os efeitos geralmente são divididos
pelos neurotoxicologistas segundo o local inicial de atuação da substância
química. Existem substância orgânicas como o monóxido de carbono, que
produzirão falta de glicose e oxigênio no cérebro. Outras substâncias, como a
orgânica sintética hexaclorobenzeno podem produzir a perda de mielina,
substância que ajuda na transmissão do impulso nervoso. O elemento chumbo,
produz o mesmo efeito. O mercúrio pode destruir os neurônio periféricos,
causando desorientação e, eventualmente colapso de todo o sistema. O chumbo era
utilizado na fabricação de recipientes, na Roma antiga. Calcula-se que a
aristocracia romana (os ricos dispunham de recipientes de metal) ingeria
de 160 a 250 mg de Pb por dia. Desta forma, explica-se em parte o
desequilíbrio mental de parte da aristocracia, cujos representantes eram os
imperadores.
e) Sistema reprodutor
As substâncias químicas podem ter
diversos efeitos no sistema reprodutor masculino e feminino. Substâncias
orgânicas sintéticas como o DBCP e o cádmio, podem reduzir a produção de
esperma. Além disso podem ocorrer intoxicações que produzem alterações
fisiológicas e químicas, que além de reduzir a fertilidade, podem impedir o
desenvolvimento e nascimento do feto. Outro aspecto é que através da ingestão
de alimentos ou contaminação por outras vias, a mãe pode transmitir a
contaminação ao feto, por intermédio do cordão umbilical e do aleitamento, após
o nascimento.
f) Fígado e rim
Substâncias químicas tóxicas são
digeridas e pelo sangue chegam ao rim, que tem uma capacidade de depuração do
sangue. O fígado tem uma capacidade muito grande de transformar agentes que são
estranhos ao organismo. Estas substâncias são transformadas em substâncias
hidrossolúveis e são eliminadas pelo rim. O rim por sua vez pode ter suas
células destruídas por metais pesados, como o mercúrio, o chumbo, cádmio e
cromo. As substâncias orgânicas tetracloreto de carbono e o clorofórmio são
tóxicos para o fígado e o rim.
g) Teratogenicidade
Algumas substâncias podem causar
deformações no feto durante seu desenvolvimento, como foi o caso do mercúrio
contido nos peixes em Minamata, no Japão na década de 1950.
h) Carcinogenicidade
Qualquer meio – ar, água, solo,
alimentos, produtos de consumo em geral – podem conter substâncias causadoras
(ou ativadoras ) do câncer. Os especialistas consideram que de 70% a 80% do
câncer é de origem ambiental, tendo como origem a dieta, hábitos pessoais,
comportamento e radiações. Ao que parece, um uso prolongado ou a exposição
constante de certas substância pode iniciar um processo cancerígeno. De acordo
com estudo inconclusos, grande parte dos agrotóxicos (inseticidas, fungicidas,
herbicidas e outros) tem efeito cancerígeno, quando respirado, aplicado à pele
e ingerido acidentalmente. Caso não cause efeitos imediatos (um dos efeitos
acima citados) seu uso prolongado leva a casos de câncer.
Concluem os especialistas, que o efeito
de substâncias tóxicas ao organismo são apenas parcialmente conhecidos. Tem-se
observado efeitos diferentes da mesma substância sobre diferentes pessoas do
mesmo grupo. No entanto, é sempre bom lembrar que no uso de substâncias cujos
efeitos sobre a saúde conhecemos parcialmente ou desconhecemos, vale sempre o
princípio de precaução.
Bibliografia:
Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) – Toxiclogia.
Disponível em
<http://www.cetesb.sp.gov.br/emergencia/aspectos/aspectos_toxicologia_efeitos.asp> Acesso em 27/08/10.
Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) - Toxicologia. Disponível em:
https://cetesb.sp.gov.br/laboratorios/servicos/informacoes-toxicologicas/. Acesso em 03/06/2019
Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) - Toxicologia. Disponível em:
https://cetesb.sp.gov.br/laboratorios/servicos/informacoes-toxicologicas/. Acesso em 03/06/2019
Macedo, Jorge Antonio Barros de. Introdução à Química Ambiental (Química
& Meio Ambiente & Sociedade). Juiz de Fora. Jorge Macedo: 2002, 487 p.
(Imagens: representações medievais do inferno)
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