"A melhor forma de expulsar o diabo, se ele não se render aos textos das Escrituras, é zombar dele e ridicularizá-lo, pois ele não suporta o desdém." - Martinho Lutero - citado por C. S. Lewis em Cartas de um diabo a seu aprendiz
Como
estaremos daqui a cinco ou dez anos? A pergunta vem sendo feita por diversas
pessoas preocupadas com o futuro do país e, principalmente, com seu próprio
futuro. Jornalistas, empresários, políticos, intelectuais, pessoas comuns e
jovens; por diversas razões e baseados em premissas diversas, todos imaginam o
futuro de certa maneira – ou não imaginam nada.
Como
estarão as atividades econômicas do país daqui a cinco ou dez anos? A economia
conseguirá se recuperar? A indústria se modernizará e automatizará em ritmo
crescente? E os postos de trabalho que serão abolidos em toda a economia com a robotização
e a automatização?
A
nova Previdência, votada pelo Congresso em outubro de 2019, como será recebida pelos
trabalhadores? Tendo que trabalhar mais, como farão para manterem seus empregos
depois dos 45 ou 50 anos? Como se atualizarão profissionalmente, tendo em vista
a constante mudança de tecnologias de um lado, e de outro a quase total falta
de apoio na capacitação profissional por parte de empresários e Estado?
O
meio ambiente estará mais limpo daqui a cinco ou dez anos? Até lá, com certeza
uma parte considerável da população ainda não terá acesso a água tratada – hoje
ainda são 30 milhões. O esgoto sanitário igualmente continuará sendo um
problema. Se em 2019 mais de 110 milhões de pessoas encontram-se sem aceso ao
tratamento de efluentes domésticos, até 2024 ou 2029 a situação certamente não
terá sido resolvida. O problema dos lixões clandestinos em centenas de
municípios, a baixíssima taxa de reciclagem de materiais e as áreas
contaminadas por disposição ilegal de produtos tóxicos igualmente continuará a
fazer parte da vida dos cidadãos de muitas regiões.
E a
Amazônia, continuará sendo derrubada? Terão aparecido as primeiras áreas de
savana, bioma no qual parte da floresta deverá se transformar com a manutenção
do atual ritmo de destruição? Nesta condição as regiões Centro-Oeste, Sudeste e
Sul já começarão a ser afetadas pela diminuição das chuvas, trazidas da
Amazônia pelos “rios voadores”.
Como
estará a cultura do país, com a crescente redução dos recursos destinados às
iniciativas nesta área? Corte de investimentos em atividades teatrais,
publicações, cinema, música, pesquisa científica... Aumentará a crescente aversão
à cultura, às ciências, o anti-intelectualismo?
Baseado
no argumento de que o Estado se concentrará cada vez mais em suas atividades
básicas, haverá realmente uma melhora considerável da Educação, da Saúde e da
Segurança? Os aparelhos culturais públicos – museus, bibliotecas, clubes,
cinematecas, teatros, auditórios, estádios de esportes – serão disponíveis em
maior quantidade, atendendo a população?
Ainda
são tantas as preocupações em relação aos próximos cinco ou dez anos e que
permanecem sem respostas: oferta de empregos, custo de vida, transporte público,
áreas de lazer nas cidades, entre vários outros itens que nem sequer
mencionamos.
Se,
no entanto, daqui a cinco ou dez anos continuarmos a escutar os mesmos
discursos cujo principal tema seja o “combate à corrupção!”, “combate à
criminalidade!”, “ordem e progresso!” “reforma disso!”, “reforma daquilo!”,
saberemos que pouca coisa mudou e que o país continuou parado no tempo.
(Imagens: pinturas de Juan Gris)
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