“Assim,
a cada passo, os fatos recordavam que nosso domínio sobre a natureza não se
parece em nada com a domínio de um conquistador sobre o povo conquistado, que
não é domínio de alguém situado fora da natureza, mas que nós, por nossa carne,
nosso sangue e nosso cérebro, pertencemos à natureza, encontramo-nos em seu
seio, e todo o nosso domínio sobre ela consiste em que, diferentemente dos
demais seres, somos capazes de conhecer suas leis e aplicá-las de maneira adequada.
Com
efeito, aprendemos cada dia a compreender melhor as leis da natureza e a
conhecer tanto os efeitos imediatos com as consequências remotas de nossa
intromissão no curso natural de seu desenvolvimento. Sobretudo, depois dos
grandes progressos alcançados neste século pelas ciências naturais, estamos em
condições de prever e, portanto, de controlar cada vez melhor as remotas
consequências naturais de nossos atos na produção, pelo menos dos mais
correntes. E quanto mais isso seja uma realidade, mais os homens sentirão e
compreenderão sua unidade com a natureza, e mais inconcebível ainda será essa
ideia absurda e antinatural da antítese entre o espírito e a matéria, o homem e
a natureza, a alma e o corpo. Ideia que começa a difundir-se pela Europa sobre
a base da decadência da Antiguidade clássica e que adquire seu máximo
desenvolvimento no cristianismo.”
Friedrich
Engels, Sobre o papel do trabalho na
transformação do macaco em homem (1876)
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