Leituras diárias

sexta-feira, 16 de julho de 2021

 



“Assim, a cada passo, os fatos recordavam que nosso domínio sobre a natureza não se parece em nada com a domínio de um conquistador sobre o povo conquistado, que não é domínio de alguém situado fora da natureza, mas que nós, por nossa carne, nosso sangue e nosso cérebro, pertencemos à natureza, encontramo-nos em seu seio, e todo o nosso domínio sobre ela consiste em que, diferentemente dos demais seres, somos capazes de conhecer suas leis e aplicá-las de maneira adequada.

Com efeito, aprendemos cada dia a compreender melhor as leis da natureza e a conhecer tanto os efeitos imediatos com as consequências remotas de nossa intromissão no curso natural de seu desenvolvimento. Sobretudo, depois dos grandes progressos alcançados neste século pelas ciências naturais, estamos em condições de prever e, portanto, de controlar cada vez melhor as remotas consequências naturais de nossos atos na produção, pelo menos dos mais correntes. E quanto mais isso seja uma realidade, mais os homens sentirão e compreenderão sua unidade com a natureza, e mais inconcebível ainda será essa ideia absurda e antinatural da antítese entre o espírito e a matéria, o homem e a natureza, a alma e o corpo. Ideia que começa a difundir-se pela Europa sobre a base da decadência da Antiguidade clássica e que adquire seu máximo desenvolvimento no cristianismo.”

 

Friedrich Engels, Sobre o papel do trabalho na transformação do macaco em homem (1876)


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