“‘O
homem não é apenas um animal que se associa, mas literalmente um animal
político, que só pode tornar-se indivíduo isolado dentro da sociedade’. Para
melhor elucidar a nossa temática atenho-me a dois pontos do texto citado.
Primeiro: o surto do indivíduo explica-se como decorrência do processo social e
só pode verificar-se com o advento da sociedade burguesa. Ou como diz Adorno: ‘(...)
não só o indivíduo, mas também a categoria da individualidade é um produto da
sociedade.’ Segundo: é um absurdo querer compreender o indivíduo sem a vida
social, esta é sempre primeira. Com custo, mas plenamente, Sartre assimilou o
segundo ponto: o indivíduo reduzido a si próprio torna-se literalmente um
absurdo, uma paixão inútil; o homem está originariamente instalado no social, o
ser-no-mundo adensa os seus traços num contexto social determinado.” (Bornheim, pág. 79)
Gerd Bornheim, O idiota e o espírito objetivo
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