“Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez da humanidade; e não tenho certeza sobre o universo.”
Dia Mundial da Filosofia
quinta-feira, 21 de novembro de 2024“Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez da humanidade; e não tenho certeza sobre o universo.”
Falando nisso...
quarta-feira, 20 de novembro de 2024Leituras diárias
terça-feira, 19 de novembro de 2024“Tal como Taylor, Ford buscará abolir todo trabalho que não gere valor. Seu primeiro objetivo será fixar os/as trabalhadores/as nos postos, evitando deslocamentos pela empresa. Daí a ideia de colocar não apenas o objeto de trabalho, mas as ferramentas e máquinas ao alcance da mão dos/as operadores/as. Os postos e bancadas, aliás, seriam arranjados para permitir uma articulação e um fluxo contínuo entre as diversas operações da fábrica, a fim de que, em cada ponto, fosse agregado valor, com um mínimo de perda em termos de tempo e de deslocamento. Disso emergiu a construção de famosa linha de montagem automática na fábrica de Detroit em 1913, uma adaptação à produção de automóveis de um aparato já usado nos matadouros de Chicago no esquartejamento de reses, cujos corpos eram transportados em carretilhas (Fleury, Vargas, 1983). A linha de montagem de Ford constituía-se de um mecanismo de transferência com movimento contínuo dos objetos de trabalho, que eram levados a quase todas as seções da planta, enquanto o produto sofria a intervenção dos/as trabalhadores/as até que pudesse ser finalmente testado e posto no mercado.
Cada
um dos postos de trabalho deveria ter suas atividades reduzidas (tal como no
taylorismo) a um conjunto de tarefas detalhadamente prescritas em termos de
tempo e modo de execução, bem como quanto às ferramentas a serem usadas, ali
presentes já em lotes e permitindo rápido acesso. O número de postos, sua
disposição espacial, as tarefas e o número de trabalhadores/as eram articulados
visando uma intervenção uniforme, a fim de manter todo o conjunto numa cadência
firme e constante e intensificar tanto quanto possível o consumo produtivo da
força de trabalho.” (Pinto e Antunes, págs. 36 e 37).
“Cabe aqui analisar o alcance maior
dessas experiências. O binômio taylorismo-fordismo foi muito mais que um método
de organização do trabalho e da produção. Foi um movimento de reestruturação
produtiva nos Estados Unidos, visando a ampliação da produção e a extensão do
mercado de consumo. E como tal implicou também uma reformulação da própria
sociabilidade, uma retomada de posição das forças capitalistas contra o/a
trabalhador/a coletivo/a organizado/a. O taylorismo-fordismo foi, enfim, uma
resposta às contradições internas do sistema capitalista, buscando gerar um
contingente de trabalhadores/as facilmente substituíveis segundo suas
qualificações. O binômio taylorismo-fordismo deve, pois, ser entendido como um
conjunto de elementos pertinentes à formação de um novo tipo de trabalhador/a,
adaptado a uma nova configuração de produção capitalista. Visou,
subsequentemente, formar uma nova classe trabalhadora e um ideal de “novo
cidadão”, numa nova ordem burguesa. Em particular, a experiência fordista
delineia, assim, uma trajetória que se estende desde a reformulação da
organização industrial e produtiva como um todo, para desencadear ‘num novo
projeto societário dentro dos limites da reprodução do capital’.” (Pinto
e Antunes, pág. 44).
Geraldo Auguto Pinto, Ricardo Antunes, A fábrica da educação: Da especialização taylorista à flexibilização toyotista
A frase do dia
segunda-feira, 18 de novembro de 2024“Quer você experimente o céu ou o
inferno, lembre-se de que é a sua mente quem os cria.”
Timothy Leary (1920-1996), psicólogo americano, pioneiro nas experiências com drogas psicodélicas em The Psychedelic Experience: A Manual Based on the Tibetan Book of the Dead (A experiência psicodélica: um manual baseado no Livro Tibetano dos Mortos). Fonte: Goodreads
A Tropicália
domingo, 17 de novembro de 2024Veja mais sobre este período de intensa atividade cultural na história recente brasileira acessando o site "Tropicália" de Ana de Oliveira, no link abaixo:
Acabou chorare - Novos Baianos
sábado, 16 de novembro de 2024Música brasileira
Novos Baianos
Álbum: Acabou chorare (1972)
Música: Acabou chorare
https://www.youtube.com/watch?v=ULx6XeLZSSc&list=OLAK5uy_l2OBKh2G9f6_axy9DPeW8WiLb76xwiUek
Acabou
Chorare é o segundo álbum de estúdio do grupo
musical brasileiro Novos Baianos.
O disco foi lançado em 1972 pela gravadora Som Livre,
após o relativo sucesso de É Ferro na Boneca (1970), que ainda procurava
identidade. Adotando a guitarra expressiva de Jimi Hendrix e
a brasilidade de Assis Valente, e sobretudo a influência
estrondosa de João Gilberto, que também serviu de mentor do
grupo na época da realização do disco, o grupo realizou uma obra que apresenta
grande versatilidade de gêneros musicais.
Mais
de 50 anos após seu lançamento, o álbum permanece como um dos mais importantes
da música popular brasileira e também um
dos mais influentes. Novas gerações de músicos, especialmente cantoras,
como Vanessa da Mata, Marisa Monte, Céu, Roberta Sá, Mariana Aydar,
beberam de sua fonte e, além de sua fama, gozou de amplo reconhecimento
crítico.
(Fonte: Wikipedia)
Outras leituras
sexta-feira, 15 de novembro de 2024“O que
é, de fato, a vontade? A vontade não é nada mais do que a compreensão, efetuada
por nossa mente, de que entre dois motivos, um é mais poderoso que o outro. A
vontade é talvez o elemento menos voluntário e menos livre da nossa
constituição. Antes que se manifeste, muitas vezes estamos num estado que nos
dá a ilusão de liberdade. Ainda ignoramos se devemos ir para a direita ou para
a esquerda. Estes momentos de hesitação são por vezes agradáveis e por vezes desagradáveis.
Na maioria das vezes eles passam despercebidos e nos encontramos frente a um
dos dois caminhos, totalmente inconscientes. Nossa vontade agiu mecanicamente.
Nossa mente funcionou como uma balança automática.
Seja
o que for que façamos, há uma causa, e esta causa depende de outra, e assim por
diante, até o infinito. Se neste momento estou fumando um charuto é porque
Cristóvão Colombo descobriu a América. A busca por causas leva à autenticações
desta ordem. Mas nossos atos têm apenas uma causa direta. Várias influências se
combinaram e pesaram sobre a alavanca. Muitas vezes, quando refletimos sobre os
motivos dos nossos atos, imaginamos que os encontramos, mas a razão mais
importante nos escapou. Procurar exemplos disto seria entrar no absurdo; Pascal
deu um que se tornou famoso – seu epigrama sobre o nariz de Cleópatra.
É
pouco dizer que os efeitos e as causas estão unidos como os elos de uma
corrente. Vejo efeitos e causas mais sob a forma de um tecido extremamente complicado,
do qual cada fio depende dos outros. Mas tal representação não pode ser feita
materialmente. Basta-nos compreender e admitir que nenhuma das nossas ações é o
início de uma série. Existe apenas uma única série, que parece não ter tido
começo e cujo fim é impossível de prever. Não obstante, temos o sentimento de
liberdade e, consequentemente, de responsabilidade. Estas são ilusões muito
curiosas e muito misteriosas, mas mesmo assim ilusões. Entre aquelas que
compõem a nossa vida, são talvez as mais úteis; elas são ainda mais, - elas são
necessárias. Não somos livres, mas não podemos agir exceto acreditando que
somos livres.
Se
por um momento parássemos realmente de acreditar no livre arbítrio, deveríamos
imediatamente deixar de agir por completo. Em seu livro sobre 'A Duplicidade Humana',
M. Camille Sabatier escreveu: 'A liberdade é tão inexplicável quanto certa'. É,
na minha opinião, a ilusão da liberdade que é tão inexplicável quanto certa e,
acrescento, necessária. Onde concordo plenamente com ele é quando afirma que o
assunto representa 'um mistério de nossa natureza'. Ele tentou uma
explicação muito engenhosa, mas que, acredito, deixa ainda de pé as objeções
deterministas.” (Gourmont, págs. 31 e 32)
“Civilização
nada mais é do que uma sucessão de insurreições, ora contra a hostilidade das
forças físicas, - especialmente contra o frio, - ora contra as forças sociais,
que, após um período de utilidade, tendem quase sempre a evoluir na direção do
parasitismo.” (Gourmont, pág. 43).
“O
pessimismo não é um sentimento religioso nem moderno, embora muitas vezes tenha
assumido forma religiosa e embora os pessimistas mais célebres pertençam ao
século XIX. Os gregos, que sabiam tudo, conheciam o desespero de vivo: o
pessimismo de Heráclito precedeu o otimismo de Platão. Poucas páginas são mais
amargas do que aquelas em que o naturalista Plínio resume as misérias da vida
humana. A natureza molda o homem sobre a terra; de todos os animais ele é o
único destinado às lágrimas; ele chora desde o momento do nascimento e nunca ri
antes do quadragésimo dia. E depois de ter enumerado todos os males e as
paixões que desolam a humanidade, Plínio conclui aprovando o antigo epigrama
grego: ‘É melhor não nascer ou morrer o mais rápido possível’.” (Gourmont, pág.
55).
Remy de Gourmont (1858-1915), escritor, poeta, crítico e filósofo francês em Philosophic Nights In Paris: Being selections from Promenades Philosophiques (Noites filosóficas em Paris: sendo seleções de Promenades Philosophiques)
Labels: Autores, Filosofia, Filósofos, Leituras diárias
Essa não poderia faltar
quinta-feira, 14 de novembro de 2024Carlos
Santana
Soul Sacrifice – Woodstock Festival
(1969)
https://www.youtube.com/watch?v=sSp05euvRNU
Janaina Tschäpe (1973-)
Empreendedorismo
quarta-feira, 13 de novembro de 2024Entenda a economia em 15 minutos
terça-feira, 12 de novembro de 2024A frase do dia
segunda-feira, 11 de novembro de 2024“É possível que eu faça muito pouco de
mim mesmo; mas este pouco é tudo, e melhor do que aquilo que permito que seja
feito de mim pelo poder dos outros, pela prática dos costumes, da religião, das
leis, do Estado.”
Max
Stirner (Johann Kaspar Schmidt, 1806-1856), filósofo alemão em O único e sua
propriedade
Edgar Morin (1921-)
domingo, 10 de novembro de 2024Veja entrevista (legendada) do filósofo e sociólogo francês Edgar Morin para o canal Fronteiras do Pensamento, falando sobre a relação entre a unidade e a diversidade:
https://www.youtube.com/watch?v=u8f-kiPG_LI&list=PLr2_ReqIw11IjJZsLd4QtHBaekH_WtNeB&index=4
Vida de cachorro - Mutantes
sábado, 9 de novembro de 2024Música brasileira
Os Mutantes
Álbum: Mutantes e seus cometas no país dos Baurets (1972)
Música: Vida de cachorro
https://www.youtube.com/watch?v=IK9mzcCONV0&list=PLG7EJIS7WXbyt7wF7BDmrrpYLdLRSkAF4&index=2
Os
Mutantes foi uma banda brasileira de rock psicodélico formada durante o Movimento
Tropicalista, no ano de 1966, em São Paulo,
por Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias.
Também participaram do grupo Liminha e Dinho Leme.
A banda é considerada um dos principais grupos do rock
brasileiro. Assim como grande parte dos grupos dos anos de 1960, Os
Mutantes foram fortemente influenciados por The Beatles, Jimi Hendrix e Sly & the Family Stone. No
entanto, os músicos brasileiros eram também mergulhados em sua cultura local,
exercendo sua própria criatividade na utilização de feedback, distorção e truques de estúdio de todos os
tipos, assim como era feito pelo quarteto de Liverpool e pelo grupo The Beach
Boys. Nesse sentido foram pioneiros na mescla do rock and roll com
elementos musicais e temáticos brasileiros. Outra característica do grupo era a
irreverência. Eles trouxeram uma espécie de mistura da música estrangeira com a
brasileira e a adição de novas ideias, com doses de experimentalismo, abrindo, assim, o caminho
para o hibridismo musical.
(Fonte: Wikipedia)
Outras leituras
sexta-feira, 8 de novembro de 2024“Ninguém
pode saber tudo sobre tudo, mas ao homem culto a cultura lhe servia pelo menos
para estabelecer hierarquias e preferências no campo do saber e dos valores
estéticos. Na era da especialização e do desabamento da cultura, as hierarquias
desapareceram numa mistura amorfa – aquela que iguala na confusão as
inumeráveis formas de vida batizadas como culturas; todas as ciências e as
técnicas se justificam e equivalem, e já não há modo de discernir com
objetividade o que é belo na arte e o que não é. Falar deste modo já é,
inclusive, obsceno, pois a noção de beleza está tão desacreditada quanto a
ideia clássica de cultura.”
Mario Vargas Llosa (1936-), escritor, jornalista, ensaísta, político e professor peruano, Prêmio Nobel de Literatura (2010) em palestra publicada na revista Dicta&Contradicta nº 6
Taxar grandes fortunas, quando? (Pergunte ao Congresso!)
quinta-feira, 7 de novembro de 2024Antonio Gomide (1895-1967)
Conheça mais sobre a vida e obra do artista no site GUIA DAS ARTES abaixo:
https://www.guiadasartes.com.br/antonio-goncalves-gomide/obras-e-biografia
"Empresário de si" uberizado
quarta-feira, 6 de novembro de 2024O que eles pensam
“Deixar
de puni-lo (Bolsonaro), tanto pelos vários crimes eleitorais como pelos delitos
penais, já seria inquietante. Conceder uma anistia que é como dizer ‘nós vimos
o que você fez, mas não achamos que seja grave’ seria incomensuravelmente pior.
Seria um convite a próximos governantes com tendências autoritárias para
atropelar as regras que não gostem sem se preocupar com a responsabilização
futura.”
Trecho do artigo “Suicídio democrático”, de Hélio Schwartsman, publicado no jornal Folha de São Paulo, em 02/11/2024.
Leituras diárias
terça-feira, 5 de novembro de 2024“Hoje,
a fabricação industrial expõe em escala planetária a ‘construção em plataforma’
dos mais variados bens, dos automóveis aos computadores e às roupas. A
plataforma vem a ser um objetivo básico ao qual são aplicadas pequenas mudanças
superficiais, para transformar o produto numa marca específica. O processo de
produção não é exatamente o conhecido processo industrial de produção de bens
em massa. As tecnologias modernas são capazes de transformar rapidamente a
forma e o tamanho de garrafas e caixas; os conteúdos também podem ser maquiados
com mais rapidez na produção eletrônica do que na antiquada linha de montagem,
na qual as ferramentas serviam de maneira fixa a uma mesma finalidade.
Os
fabricantes referem-se a essas mudanças embutidas na moderna plataforma como ‘laminagem
a ouro’, e a imagem é boa. Para vender algo essencialmente padronizado, o
comerciante exalta o valor de pequenas diferenciações concebidas e executadas
de maneira rápida e fácil, de tal maneira que é a superfície que importa. Para
o consumidor, a marca deve ter mais relevância que a coisa em si.
A
fabricação de automóveis é um bom exemplo. Gigantes do setor como a Volkswagen
e a Ford podem produzir e efetivamente produzem versões de um automóvel global –
uma plataforma básica de estrutura, motor e peças –, para em seguida fazer a ‘laminagem
a ouro’ das diferenças superficiais. Não raro, neste tipo de produção, a montagem
na plataforma é feita em países de mão de obra barata no mundo em
desenvolvimento; a ‘laminagem a ouro’ em fábricas de acabamento mais próximas dos
mercados locais. Os computadores são fabricados da mesma maneira: chips, placas de circuito e partes
externas produzidos em plataforma comum longe do mercado transformam-se em
marcas quando já estão mais próximos dos mercados, no tempo como no espaço.”
(Sennett, págs. 133 e 134).
Richard Sennett, A cultura do novo capitalismo
Essa não poderia faltar
segunda-feira, 4 de novembro de 2024O que é "uberização" do trabalho?
domingo, 3 de novembro de 2024(Fonte: Coonecta/Rovena Rosa/Agência Brasil)
O capitalismo está baseado na exploração do trabalho. Por isso, desenvolve novas formas de reduzir custos de produção/distribuição, incluindo os da mão de obra.
Veja vídeo da TV Unicamp, com o Prof. Ricardo Antunes, explicando no que consiste o trabalho "uberizado" (plataformizado):
A primeira batalha - A Barca do Sol
sábado, 2 de novembro de 2024Música brasileira
A Barca do Sol
Álbum: A Barca do Sol (1974)
Música: A primeira batalha
https://www.youtube.com/watch?v=Ed_9DzNnMw0
A
Barca do Sol foi uma banda brasileira de rock
progressivo e MPB formada em 1973 na cidade do Rio de
Janeiro, e desfeita em 1981, após o lançamento de três álbuns de estúdio - A Barca do Sol,
de 1974; Durante o Verão, de 1976; e Pirata, de 1979. O grupo fez
grande sucesso de crítica enquanto esteve em atividade, embora tenha
permanecido restrito a nichos de público. Seu estilo musical diferenciado
dentro do panorama da música popular no Brasil - valendo-se majoritariamente
de instrumentos de sopro como solistas e
mantendo a composição de canções e não de temas instrumentais - garantiram para
o conjunto um lugar único na música popular brasileira, tornando-o de difícil
classificação.
(Fonte:
Wikipedia)
Outras leituras
sexta-feira, 1 de novembro de 2024“Sem
dúvida, o regime que se implantou, sob o rótulo de socialismo, não atendia às prescrições
que Marx e Engels lhe atribuíram. Para esses, o socialismo é um regime que só
começa, pelo menos, ali onde a ‘imensa maioria’ da sociedade, por seu elevado
nível social, ‘espontaneamente ‘, tende a praticá-lo. Como Isaac Deutscher
observou, a camada de mujiques analfabetos e a incipiente classe obreira que
constituíam o grosso da população russa, em 1917, não ofereciam condições
sociais maduras para a instauração do socialismo. E os próprios líderes
bolchevistas, pensavam assim e fizeram a Revolução na certeza de que, logo após,
o mundo ocidental se levantaria para derrocar o capitalismo. Suas intenções
eram idôneas. Seus ideais, sinceros. Mas, o mundo ocidental não respondeu à
Revolução e assim os líderes bolchevistas, pela lógica da situação criada, para
não perder o poder, foram compelidos a realizar o ‘socialismo num só país’.
Estava Lênin ainda no poder, quando Kautsky escreveu: ‘O governo de Lênin está
ameaçado de um novo Termidor’. Mas pode ocorrer outra coisa. A história não se
repete. Um governo que se propõe um fim que não pode alcançar nas condições em
que atua pode fracassar de duas maneiras. Acaba por cair, se aferrar ao
programa. Pode manter-se, se vai modificando o seu programa, e acaba por
abandoná-lo. Para a causa, o resultado é o mesmo por um procedimento ou por
outro. Agora, para as pessoas, varia muito a situação, se conservam em suas
mãos o poder do Estado ou caiam vencidas indefesas nas mãos de seus inimigos.
Os líderes bolchevistas foram realistas. Adaptaram-se às circunstâncias,
brutalmente, ferindo a sensibilidade dos ‘marxistas ocidentais’, como Kautsky,
Rosa Luxemburgo e, em nossos dias, Rubel, Daniel Guérin e tantos outros que têm
denunciado a infidelidade dos soviéticos às concepções originais de Marx e Engels.”.
(Ramos, pág. 80)
Alberto Guerreiro Ramos (1915-1982), sociólogo brasileiro em Mito e verdade da revolução brasileira