Outras leituras

sexta-feira, 29 de novembro de 2024


 

“Há uma frase famosa no romance O único e eterno rei, de T. H. White: 'Tudo que não é proibido é compulsório.' Os físicos levam essa afirmação muito a sério. Se não houver uma lei física que proíba certo fenômeno, então provavelmente ele acontece em algum lugar do universo. Por exemplo: ainda que buracos de minhoca sejam incrivelmente difíceis de ser criados, alguns físicos especulam que talvez eles tenham existido no começo dos tempos e se expandiram após o Big Bang. Talvez eles existam naturalmente. Um dia, quem sabe, nossos telescópios talvez encontrem um buraco de minhoca no espaço. Ainda que buracos de minhoca tenham atiçado a imaginação de autores de ficção científica, criar um, de fato, em laboratório introduz problemas formidáveis.” (Kaku, 109 e 110)

 

“Por exemplo, se a força nuclear fosse um pouquinho mais fraca, o sol nunca teria acendido, e o sistema solar seria escuro. Se a força nuclear fosse um pouquinho mais forte, o sol já teria se exaurido há bilhões de anos. A força nuclear tem a intensidade certa. Do mesmo modo, se a gravidade fosse um pouquinho mais fraca, talvez o Big Bang já tivesse dado lugar ao Big Freeze, com um universo frio e morto se expandindo. Se a gravidade fosse um pouquinho mais forte, já teríamos chegado ao Big Crunch, e toda a vida teria se extinguido no colapso do universo. Mas a gravidade tem a intensidade certa para permitir que estrelas e planetas se formem e durem tempo suficiente para o surgimento da vida. Podemos listar vários desses acidentes que tornam a vida possível, e em cada um deles estamos no meio da 'Zona de Cachinhos Dourados'. O universo é uma grande loteria, e nós temos o bilhete premiado. Mas, segundo a teoria do multiverso, isso significa que coexistimos com um grande número de universos mortos.” (Kaku, págs. 157 e 158)

 

“Mas é difícil argumentar que o universo tem sentido se o universo vai acabar um dia. A física, de certo modo, já proferiu uma sentença de morte para o universo. Apesar de todas as discussões profundas sobre sentido e propósito do universo, talvez seja tudo inócuo, porque o universo está destinado a perecer em um Big Freeze. De acordo com a segunda lei da termodinâmica, tudo que existe em um sistema fechado vai um dia decair, enferrujar ou se desmanchar. A ordem natural das coisas é o declínio e o fim eventual de sua existência. Parece inescapável que todas as coisas morram quando o próprio universo morrer. Então, qualquer sentido que tenhamos atribuído ao universo será apagado quando o universo deixar de existir.” (Kaku, pág. 174)

 

Michio Kaku, astrofísico estadunidense em A equação de Deus: A busca por uma Teoria de Tudo 

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