“Há
uma frase famosa no romance O único e eterno rei, de T. H. White: 'Tudo que não
é proibido é compulsório.' Os físicos levam essa afirmação muito a sério. Se
não houver uma lei física que proíba certo fenômeno, então provavelmente ele
acontece em algum lugar do universo. Por exemplo: ainda que buracos de minhoca
sejam incrivelmente difíceis de ser criados, alguns físicos especulam que
talvez eles tenham existido no começo dos tempos e se expandiram após o Big
Bang. Talvez eles existam naturalmente. Um dia, quem sabe, nossos telescópios
talvez encontrem um buraco de minhoca no espaço. Ainda que buracos de minhoca
tenham atiçado a imaginação de autores de ficção científica, criar um, de fato,
em laboratório introduz problemas formidáveis.” (Kaku, 109 e 110)
“Por
exemplo, se a força nuclear fosse um pouquinho mais fraca, o sol nunca teria
acendido, e o sistema solar seria escuro. Se a força nuclear fosse um pouquinho
mais forte, o sol já teria se exaurido há bilhões de anos. A força nuclear tem
a intensidade certa. Do mesmo modo, se a gravidade fosse um pouquinho mais
fraca, talvez o Big Bang já tivesse dado lugar ao Big Freeze, com um universo
frio e morto se expandindo. Se a gravidade fosse um pouquinho mais forte, já teríamos
chegado ao Big Crunch, e toda a vida teria se extinguido no colapso do universo.
Mas a gravidade tem a intensidade certa para permitir que estrelas e planetas
se formem e durem tempo suficiente para o surgimento da vida. Podemos listar
vários desses acidentes que tornam a vida possível, e em cada um deles estamos
no meio da 'Zona de Cachinhos Dourados'. O universo é uma grande loteria, e nós
temos o bilhete premiado. Mas, segundo a teoria do multiverso, isso significa
que coexistimos com um grande número de universos mortos.” (Kaku, págs. 157 e
158)
“Mas
é difícil argumentar que o universo tem sentido se o universo vai acabar um dia.
A física, de certo modo, já proferiu uma sentença de morte para o universo.
Apesar de todas as discussões profundas sobre sentido e propósito do universo,
talvez seja tudo inócuo, porque o universo está destinado a perecer em um Big
Freeze. De acordo com a segunda lei da termodinâmica, tudo que existe em um
sistema fechado vai um dia decair, enferrujar ou se desmanchar. A ordem natural
das coisas é o declínio e o fim eventual de sua existência. Parece inescapável
que todas as coisas morram quando o próprio universo morrer. Então, qualquer
sentido que tenhamos atribuído ao universo será apagado quando o universo
deixar de existir.” (Kaku, pág. 174)
Michio Kaku, astrofísico estadunidense em A equação de Deus: A busca por uma Teoria de Tudo
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