“O
pessimista costuma ser entendido como aquele que reclama, sempre apontando o
que está errado, sem nunca oferecer uma solução. Mas na maioria das vezes os
pessimistas são os filósofos mais calados, submergindo os seus próprios
suspiros na letargia do descontentamento. O pequeno som que ele faz não
interessa a ninguém - “Já ouvi tudo isso antes”, “diga-me algo que eu não sei”,
som e fúria, sem significar nada.
Ao
levantar problemas sem soluções, ao colocar questões sem respostas, ao
retirar-se para a morada hermética e cavernosa da reclamação, o pessimismo é
culpado pelo mais indesculpável dos crimes ocidentais – o crime de não fingir
que é real. O pessimismo não consegue cumprir o princípio mais básico da
filosofia – o “como se”. Pense como se isso fosse útil, aja como se isso fosse
fazer diferença, fale como se houvesse algo a dizer, viva como se você não
estivesse, de fato, sendo vivido por alguma não-entidade murmurante, ao mesmo
tempo sombria e turva.”
Eugene Thacker, filósofo e professor de Estudos Midiáticos na New School of New York City em Cosmic Pessimism (Pessimismo Cósmico)
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