Moto
Perpétuo
Verde Vertente (1974)
Desde 21 de maio de 2010 - Editor: Ricardo Ernesto Rose
1969
– Religião
Foi
realizado em São Francisco, Califórnia, um Holy Man Jam, ou seja, uma espécie
de festival das principais tendências religiosas da comunidade hippie
americana. Num salão de baile alugado, reuniram-se cerca de 2 mil pessoas para
ouvir seus gurus prediletos e cantar músicas místicas ao som das guitarras elétricas.
Naturalmente, estava todo mundo muito doido, com muito fumo e muito ácido sendo
distribuído no enorme salão. No palco, apareceram, entre outros, Thimothy
Leary, o papa do LSD, e Alan Watts, o grande sacerdote do zen-budismo nos
Estados Unidos. Leary misturou um pouco de política ao ambiente religioso. Foi candidato
ao cargo de governador da Califórnia e afirmou que o caminho para o Reino de
Deus passava pela reforma deste mundo. Watts apareceu vestido com sua longa
túnica de sacerdote zen e fez sua entrada ao som de fanfarras dissonantes.
Depois
dele, apareceu um guru desconhecido que se anunciou como um novo Messias,
afirmou que chegara à Terra a bordo de um disco voador e convidou a platéia a
abandonar seus corpos para acompanhá-lo numa “viagem astral”.
A
essa altura, porém, já estava todo mundo viajando. “A verdadeira religião é a
música”, disse, então, um citarista do Ali Akbar College of Music,que tocou
alguns ragas que Ravi Shankar tornou famosos no Ocidente e cantou
passagens assustadoras do Livro Tibetano dos Mortos.
O
misticismo religioso foi, sem dúvida, o lado extremo da contracultura hippie —
como sempre o foi, de resto, de todos os irracionalismos. O que o caracterizou,
foi a mistura delirante de todos os êxtases: Tibete, índia, parapsicologia,
zen-budismo, realismo mágico, discos voadores, astrologia, bolas de cristal,
macumba (vodu, para eles), iluminações psicodélicas e espiritismo puro e
simples estavam, todos, misturados no mesmo saco místico da contracultura. A
revista Newsweek publicou uma reportagem sobre o vigoroso crescimento das
chamadas “ciências ocultas” nos Estados Unidos. A contrapartida da violência
política que varria o país foi a mágica religiosa. A onda se espalhou e alagou
todos os países ocidentais.
John
Lennon e Yoko Ono, por exemplo, pretenderam com seu Festival de Toronto,
Canadá, assegurar a paz mundial através das “boas vibrações” de um milhão de
hippies que pretendiam reunir lá. A viagem do LSD, diziam alguns psiquiatras,
pode ser qualificada como uma “esquizofrenia experimental”; o próprio estilo de
vida dos hippies tinha os traços de uma esquizofrenia sintética, pré-fabricada;
e, finalmente, o lado extremo do novo misticismo parecia roçar a fronteira do
patológico.
Mas
as coisas vêm acontecendo assim desde os beats na década de 50. Quando
perguntaram a Jack Kerouac o que procurava a sua geração, ele respondeu:
—
Deus. Nós queremos que Deus nos mostre a Sua Face.
Luis Carlos Maciel (1938-2017), filósofo, escritor, jornalista e roteirista brasileiro em Anos 60
Antônio
César Camargo Mariano (1943-) é um arranjador musical, pianista, tecladista, compositor, produtor brasileiro. Começa a atuar como profissional na Orquestra de William Furneaux e em 1962
forma o grupo "Três Américas". Dedicou-se por muitos anos como
arranjador e produtor de Wilson
Simonal e nos anos setenta tem
início uma bem-sucedida parceria com Elis Regina.
Também participa de trabalhos com Chico Buarque, Maria
Bethânia, Jorge Ben, Ivan Lins, Gal Costa entre
outros.
Na década de
oitenta César gravou dois discos considerados históricos: Samambaia,
com o guitarrista Hélio Delmiro e Voz
e Suor, com a cantora Nana Caymmi.
Em 1987, sua música instrumental "Mitos" é usada como tema de
abertura da telenovela Mandala, de Dias Gomes,
na Rede Globo.
Foi o primeiro a utilizar teclado sintetizador nos seus arranjos musicais.
Continua
atuando como arranjador, produtor, compositor e pianista no Brasil até 1994,
quando se muda para os Estados Unidos. Cesar tem colaborado com grandes nomes
internacionais, desde a música clássica de Yo-Yo
Ma até o Jazz sofisticado de Blossom
Dearie. Mesmo nos EUA, continua em contato permanente com os maiores nomes
da MPB,
dirigindo e produzindo discos e espetáculos. Entre vários prêmios nacionais e
internacionais, Cesar Camargo Mariano recebeu dos Diretores da Academia de
Artes e Ciências o prêmio especial “Lifetime Achievement Latin
Grammy Award” 2006, em reconhecimento à importância do conjunto de sua obra.
(Fonte do texto: Wikipedia)
“Como
notou Guyer (2007), a temporalidade neoliberal é não linear, impedindo a
projeção de um futuro no médio prazo. Nos resta apenas um presente imediato que
‘patina’ sobre si mesmo, e um futuro distante e inescrutável que só pode ser
imaginado na forma de visões messiânicas ou apocalípticas que sejam o inverso
da realidade existente. Isso não se manifesta apenas de forma religiosa ou
espiritual: boa parte do reencantamento do mundo neoliberal se dá na forma das
teologias econômicas do mercado financeirizado e suas formas oraculares,
conspiratórias, piramidais e fantasmagóricas (Comaroff e Comaroff, 2000). Os
proponentes carismáticos e/ou conspiratórios dessas visões, como os políticos
populistas e gurus de todo tipo que proliferam pela internet, se vendem como
aqueles capazes de quebrar esse ciclo involutivo por supostamente incorporarem
alguma forma de autenticidade fora do sistema.” (Cesarino, pág. 70).
Letícia Cesarino, O mundo do avesso: verdade e política na era digital