Qualidade da água potável no Brasil precisa melhorar

sexta-feira, 29 de julho de 2011
"A fase do niilismo coincidiu com o auge da filosofia moderna. O niilismo deu à filosofia a mais ampla possibilidade de estabelecer um mundo, ou antes, de salvar um mundo em declínio. O vácuo que o niilismo criou deu à filosofia um espaço para preencher."  -   Lars Svendsen  -  A filosofia do tédio 

A situação do suprimento de água e tratamento de esgoto continua sendo um dos maiores - se não o maior - problema ambiental do Brasil. Esta condição adversa, criticada na imprensa durante os últimos anos, continua fazendo parte do dia-a-dia de dezenas de milhões de brasileiros.
Estudo recentemente divulgado pela Agência Nacional da Água (ANA), ligada ao Ministério do Meio Ambiente, registra que a qualidade da água em 9% das 1.747 medições realizadas em vários estado brasileiros, é ruim ou péssima. As coletas de amostras foram feitas em 2009 e utilizaram como parâmetro o índice de qualidade da água (IQA). Os resultados indicam que grande parte da contaminação é por esgoto doméstico. A pesquisa da ANA também aponta uma condição ótima da água em apenas 4%, boa em 71% e regular em 16% dos locais monitorados.
Segundo especialistas, o estudo demonstra que ainda são necessários pesados investimentos no tratamento de esgoto domésticos, já que são estes que comprometem a qualidade da água consumida na maior parte das cidades brasileiras. Exemplo positivo, de como gradualmente resolver o problema, é a zona da bacia do rio Paraíba do Sul, que engloba o sudeste mineiro, o nordeste do estado de São Paulo e o sudoeste do estado do Rio de Janeiro. Segundo dados pesquisados, o índice de tratamento de esgotos aumentou bastante nos últimos dez anos nesta região. Um dos principais fatores desta melhora foi a cobrança pelo uso da água dos rios, o que proporcionou recursos adicionais para que as cidades participantes do Comitê de Bacia Hidrográfica do rio Paraíba do Sul pudessem fazer investimentos em obras de saneamento.
Exemplo negativo, de falta de gestão dos recursos hídricos, é a da represa de Guarapiranga, localizada na região sul da cidade de São Paulo. Durante anos a área foi invadida - muitas vezes a comando de candidatos políticos - por populações pobres. A ocupação, no entanto, não foi acompanhada pela instalação de uma infraestrutura de tratamento de esgotos. Na falta desta, os efluentes domésticos passaram a ser descarregados diretamente na represa, chegando a um volume de esgoto equivalente ao gerado por uma cidade de 800 mil habitantes. A situação da represa Billings, localizada entre a cidade de São Paulo e os municípios de São Bernardo e Diadema, também não é melhor. A grande dificuldade não é a limpeza da água até atingir o grau de potabilidade, já que para isto existe a tecnologia. O problema é o custo deste tratamento, que aumenta na mesma proporção da poluição da água.
São pouquíssimas as regiões do país que dispõem de comitês de bacias hidrográficas, organizados e em condições de efetuar a cobrança pelo uso da água. Enquanto isso, empresas, fazendas e cidades continuam a utilizar e poluir a água dos rios sem pagar nada por isso. A resistência à criação destes comitês em todo o Brasil ainda é muito grande. Seria de se esperar uma ação mais efetiva por parte da ANA, já que é tarefa desta agência controlar também a qualidade da água de consumo. Além disso, existe o fato de que a situação do saneamento depõe contra a própria agência.
(imagens: Victor Meirelles)

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