"Platão apresentou Sócrates como uma pessoa viva, um homem real. Porém, conforme as idéias de Platão tomavam forma e exigiam sua pregação, o pobre Sócrates, cuja morte real Platão tanto lamentava, era morto pela segunda vez, tornando-se um mero homem sem expressão, um boneco de ventríloco a expressar não a própria filosofia, mas a platônica." - Paul Johnson - Sócrates - Um homem do nosso tempo
As empresas privadas e públicas brasileiras estão atuando de
maneira mais correta em relação ao meio ambiente do que há 15 ou 20 anos?
Podemos dizer que de uma maneira geral produzimos, distribuímos e consumimos de
uma forma a desgastar menos os recursos naturais; oceano, rios, solos e a biodiversidade?
Não sabemos com certeza, não dispomos de informações suficientes. O que podemos
afirmar é que das cerca de sete milhões de empresas – 95% das quais de pequeno
porte –, a maior parte é oficialmente existente, recolhendo impostos, tem
funcionários registrados e segue algo da legislação ambiental, pelo menos em seus
principais aspectos. Estas informações sobre as empresas e suas atividades
podem ser obtidas de diversas formas; através das prefeituras, bancos, receitas
federais, órgãos fiscalizadores, associações industriais e comerciais e outras
fontes de informação.
Especificamente em relação à atuação ambiental de um
empreendimento ainda estamos limitados, em termos de fontes de dados. Os órgãos
ambientais e as prefeituras aos quais as empresas – pelo menos em regiões
administrativamente melhor organizadas – têm por obrigação fornecer
determinadas informações, ainda têm uma atuação limitada. Somente nos grandes
centros e nas regiões economicamente mais avançadas é que a ação fiscalizadora
se faz mais presente. No restante do país o descumprimento das leis ambientais
somente é descoberto através de denúncias de cidadãos, da imprensa, de ONGs ou
do Ministério Público. Não é preciso ir longe para constatar esta situação: a
algumas dezenas de quilômetros das regiões metropolitanas brasileiras empresas
cometem diversos atos ilícitos, prejudiciais ao meio ambiente, e somente são
autuadas pelo órgão ambiental através de denúncias.
Assim, grande parte das atividades econômicas das empresas acontece sem
que os aspectos ambientais sejam contemplados. Nem o atendimento do básico da lei
ambiental – o quesito mínimo para atenuar o dano ambiental – é regra geral; em
muitas regiões brasileiras é exceção. A extensão territorial, a falta de
comunicação, a inexistência de um órgão de controle ou o desaparelhamento deste,
caso exista, faz com que a lei ambiental não seja cumprida.
É um engano dizer que o relativo aumento da conscientização
ambiental necessariamente trouxe consigo uma efetiva melhora na preservação dos
recursos naturais. O que efetivamente deve ter ocorrido – não existem dados ou estudos
conclusivos sobre o fato – é que o crescimento da economia nos últimos dez anos
tenha aumento a pressão sobre os ecossistemas. Mais produção, aumento da
exploração dos recursos, maior geração de resíduos, ocupação de novas áreas
pelas cidades e pela agricultura; tudo isto sem um devido acompanhamento dos
órgãos de controle ambiental.
Na pratica não dispomos de suficientes informações sobre a
maneira como as empresas estão se conduzindo em relação ao meio ambiente – e
isso não se limita apenas às pequenas e médias empresas. Mesmo grandes
corporações têm incorrido em práticas ilegais, denunciadas por ONGs, sindicatos
ou pela imprensa independente. É necessário aprimorar o sistema de informação
sobre todos os setores da economia – mineração, agropecuária, indústria e
serviços – para gerenciar e reduzir o impacto das atividades econômicas ao meio
ambiente. O Brasil precisa avançar também na proteção dos recursos naturais e
não somente em seu uso.
(Imagens: fotografias de Carlos Moreira)
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