"Toda a atividade governamental terá de provar ter custo menor do que o benefício social proporcionado." Edmar Bacha - Revista Veja - 9/01/2013
O rio Pinheiros é um dos mais importantes cursos d´água da cidade de São Paulo. Apesar de hoje estar sujo e malcheiroso, desempenhou um papel estratégico no deslocamento das primeiras populações do planalto paulista. Vindos do litoral por um caminho alternativo para chegar à vila de São Paulo de Piratininga, os jesuítas entravam pela atual região Sul da cidade pelo rio Grande, que desaguava no Guarapiranga para formar o rio Pinheiros. Deste local, onde se situava o aldeamento de Santo Amaro, fundado em 1560 por Anchieta, era possível na época das chuvas alcançar de barco o rio Tietê, entrar no Tamanduateí, para aportar na aldeia de São Paulo.
Às margens do Pinheiros, antes ocupadas por exuberante mata atlântica onde abundavam as palmeiras do tipo jerivá - daí o rio ter sido chamado pelos índios de Jurubatuba, "rio das palmeiras" - as chácaras substituíram a vegetação original. A várzea do Rio Pinheiros foi uma região de pequenas propriedades rurais, produtoras de verduras, legumes e frutas, consumidas na região de Santo Amaro e exportadas até para São Paulo (na época Santo Amaro era um município independente).
O rio era bastante sinuoso, inundando as várzeas adjacentes na época das chuvas, que começou a ser retificado a partir de 1928 - processo que só foi terminado no início da década de 1950. A partir de então, as chácaras começaram a ser expulsas pelos loteamentos de bairros operários e pelas fábricas que se instalavam ao longo do rio, junto com a Estrada de Ferro Sorocabana.
O rio era bastante sinuoso, inundando as várzeas adjacentes na época das chuvas, que começou a ser retificado a partir de 1928 - processo que só foi terminado no início da década de 1950. A partir de então, as chácaras começaram a ser expulsas pelos loteamentos de bairros operários e pelas fábricas que se instalavam ao longo do rio, junto com a Estrada de Ferro Sorocabana.
A água do Pinheiros, ainda limpa e relativamente isenta de sujeira, era insumo bastante utilizado nas indústrias metalúrgicas e químicas, que se espalhavam na região. Na ausência de leis e controles ambientais, o rio também se tornou destino dos efluentes industriais e dos esgotos domésticos, que descarregados em pequenos córregos ainda abundantes na região, acabavam caindo no rio. Entre os anos 1950 e 1980 substâncias tóxicas de todos os tipos; metais pesados e lodos de efluentes, passaram a se acumular no fundo do rio. Em 1970 foram construídas as marginais do rio Pinheiros (Avenida das Nações Unidas), completando-se o processo de degradação da região do entorno do Pinheiros.
A qualidade da água do antigo Jurubatuba foi fortemente afetada por todo este processo. Parte do volume do rio era bombeada para a represa Billings, localizada na região de São Bernardo, cuja água acionava a usina hidrelétrica Henry Borden, localizada no alto da serra de Santos. A poluição cada vez maior do Pinheiros, fez com que a operação tivesse que ser abandonada pelo estado em 1992. Mesmo assim, ainda hoje, segundo dados da SABESP, cerca de 290 indústrias e 400 mil famílias jogam seus dejetos no rio.
O estudo do processo da limpeza do rio Pinheiros através de um sistema de flotação foi iniciado em 2001 e dado como inviável em 2011, depois do governo do estado ter investido 160 milhões de dólares. Atualmente estão em obras sistemas de coleta, que levarão os esgotos que ainda caem no rio para serem processados na estação de tratamento de esgotos de Barueri, operada pela SABESP. Com isso, segundo a agência, no futuro o rio Pinheiros poderá abrigar vida novamente em suas águas, que depois de tratadas poderão ser usadas para consumo. Mesmo com tantos planos não concretizados e outras tantas promessas não cumpridas, cabe aqui lembrar a antiga expressão latina: "adhuc sub judice lis est", ou seja, "não julgar apressado, esperar o fim".
(Imagens: fotografias de Philip Halsman)
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