" - Um meshummed troca um Deus por outro. Eu não quero Deus algum. Nós vivemos em um mundo onde o relógio se move rapidamente enquanto Ele fica lá no alto de sua montanha onde o tempo não passa, a olhar para o nada. Ele não nos vê, Shmuel, e não se importa conosco. Eu quero meu pedaço de pão hoje, não no Paraíso." - Bernard Malamud - O faz-tudo
Eficiência é a palavra do momento. É consenso entre os
especialistas que o Brasil precisa de um banho de eficiência em todas as áreas.
O país cresceu muito nos últimos vinte anos, mas a legislação, a
infraestrutura, a formação da mão de obra, a gestão pública, e a administração
das empresas pouco acompanharam este desenvolvimento. As melhorias que houve
foram pontuais e quando ocorriam, eram barradas pelo mau funcionamento de
outros fatores. Assim, por exemplo, a aquisição de modernas maquinas é de pouca
valia, se não existem suficientes trabalhadores treinados para operá-las. Da
mesma forma a compra de equipamentos hospitalares é inútil, se faltam recursos
para instalá-los e colocá-los em funcionamento. De pouco adianta o empresário
reformar e modernizar seu negócio, se não treina seus funcionários para melhor
atender os clientes.
A eficiência diz respeito a toda a sociedade; ao Estado, ao
cidadão e às empresas. Em um mundo no qual os recursos se tornam cada vez mais
escassos e onde a população cresce em 78 milhões de pessoas a cada ano, é
preciso produzir, distribuir e consumir de uma maneira mais eficiente. São
necessárias leis que facilitem estas ações ao invés de dificultá-las;
estruturas físicas (estradas, portos, etc.) e capital humano (profissionais
capacitados) que agilize este processo. A gestão da sociedade também precisa ocorrer
de uma maneira mais racional e objetiva. Para isso é necessária a formação de
uma burocracia profissional, que nos níveis federal, estadual e municipal
gerencie a máquina pública. Livre de ingerências políticas e da pressão de
grupos, este funcionalismo público altamente capacitado deve estar acima de
ideologias partidárias, tendo como único objetivo administrar a cidade, o
estado ou a nação. O sociólogo Max Weber já apontava, no início do século XX, a
importância deste corpo administrativo na condução administrativa de um país,
dando suporte aos poderes legislativo, executivo e judiciário.
O uso eficiente dos recursos está inserido nas modernas
práticas administrativas de empresas, sejam privadas ou públicas. Quanto mais valor
– na forma de produtos ou serviços – é possível produzir com uma quantidade de
trabalho e recursos, tanto mais eficiente é um sistema. Este princípio se
aplica a máquinas, células de produção, indústrias, setores da economia e
nações. Mas também pode ser aplicado a uma repartição pública, a um grupo de
parlamentares ou a um tribunal. Todos estes “processos” se utilizam de trabalho
(o conhecimento dos profissionais que desempenham determinada função) e
recursos (alimento, água, luz, matérias primas, instalações, equipamentos,
etc.). Exemplo positivo de uso eficiente de recursos e aumento da produtividade
é o do setor agrícola brasileiro. Enquanto que em 1960 a produção de grãos era
de 17,2 milhões de toneladas, utilizando uma área de 22 milhões de hectares, em
2014 a
produção é de 195,4 milhões de toneladas, usando uma área de 56,9 milhões de
hectares. A produtividade de grãos subiu de 783 quilos por hectare para 3.433
quilos por hectare (jornal O Estado de São Paulo 26/9/2014).
Uma sociedade mais eficiente faz menos uso de recursos
naturais e provoca menor impacto ao meio ambiente. Se medidas de eficiência
tivessem sido implantadas anteriormente, talvez não precisássemos enfrentar as
atuais crises da água e energia elétrica.
(Imagens: fotografias de Bill Perlmutter)
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