"As leis são como teias de aranha: assim como estas pegam as criaturas mais fracas, mas não retêm as mais fortes, aquelas restringem os humildes e os pobres, mas não os ricos e os poderoso." - Valério Máximo - Fatos e ditos memoráveis
A falta de chuvas em diversas regiões brasileiras poderá
comprometer a economia brasileira por muitos anos. Haja vista que 70% do estado
de São Paulo, a unidade da federação mais desenvolvido do país, estão sendo fortemente afetados
pela estiagem. Agricultura, indústria, geração de energia, turismo, pecuária,
transporte hidroviário; diversos setores econômicos estão reduzindo suas
atividades, diminuindo faturamento e demitindo empregados.
O mesmo acontece nas regiões banhadas pelo Rio São
Francisco. Segundo reportagem do jornal O Estado de São Paulo, a vazão do rio é
atualmente de 49 metros cúbicos
de água por segundo (m³/s); muito abaixo de seu volume normal de 2,8 mil m³/s e
o menor nos últimos 83 anos de medição. No Alto São Francisco, no estado de Minas
Gerais, a falta de água está afetando plantações de café e eucalipto, a criação
de gado e pequenos agricultores, que suprem grande parte da demanda de
alimentos das cidades da região. Afluentes do grande rio se transformaram em caminhos para carroças e cavalos e a represa hidrelétrica de Três Marias, que funciona como
uma caixa d’água do lugar, está quase seca. A região, segundo os cálculos da
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural - Emater de Montes Claros (MG)
acumula prejuízo de R$ 1 bilhão nas secas dos últimos anos. A situação de estiagem prolongada se estende por todo o curso do rio, alcançando também os
estados do nordeste.
Seca semelhante está afetando o estado americano da
Califórnia, que enfrenta sua terceira pior estiagem nos últimos 106 anos,
segundo o jornal The Washington Post.
Pastos estão estéreis, os níveis dos reservatórios caíram e o custo da taxa
d’água aumentou. Com isso, aumentaram os preços das frutas em todos os Estados
Unidos, já que a Califórnia produz 70% do volume das 25 frutas mais consumidas
no país.
A situação se repete em varias partes do globo. Segundo o
Sistema Global de Informação de Secas (Global
Drought Information System – www.drought.gov)
o norte da China passa pela pior seca nos últimos 60 anos. No Quênia e na
Somália, 2,5 milhões de pessoas enfrentam uma forte carestia devido à falta d'água para irrigação, e
a Austrália deve perder 29% de sua safra 2014/2015 de algodão por ausência de
chuvas. Não é simples coincidência que 2014 certamente será o ano mais quente
da história, segundo a NASA, desde as primeiras medições em 1880.
Em recente texto publicado no Caderno Aliás do jornal O
Estado de São Paulo, o escritor americano Lee Siegel, relata que “Lucrécio
(filósofo romano) escreveu certa vez que para muitas pessoas a morte é um
boato. O mesmo princípio se aplica ao aquecimento global. Você não admite que a
Terra seja mortal da mesma maneira que sabe que você mesmo é.” Este é o maior
problema de parte dos tomadores de decisão no mundo: não admitir que haja
alguma coisa errada com o clima, que poderá trazer sérias conseqüências à nossa
civilização em médio prazo.
Esta “alguma coisa errada com o clima” pode ser o que a
ciência chama de comportamento emergente. John Casti, matemático especialista
em teoria de sistemas e complexidade, escreve que “traços e/ou comportamentos
emergentes são, com frequência, considerados algo ‘inesperado’ ou
‘surpreendente’. Isto acontece porque, de um modo geral, sabemos alguma coisa a
respeito das características dos objetos individuais, mas nada sobre as
propriedades sistêmicas gerais que emergem das interações”.
Muitos cientistas estão relacionando a seca do Brasil e de outras regiões da Terra com as mudanças climáticas. No caso do Brasil, fala-se no aumento do desmatamento da Amazônia, região responsável pela umidade que se precipita nas regiões sul e sudeste na forma de chuva.
Ainda é difícil prever as consequências da interação entre sistemas complexos como a floresta amazônica e o clima. A falta d'água, no entanto, pode ser um "comportamento emergente" da interação destes sistemas; um prenúncio de outros fenômenos que deverão ocorrer em futuro próximo.
(Imagens: fotografias de Albert Renger-Patzsch)
Ainda é difícil prever as consequências da interação entre sistemas complexos como a floresta amazônica e o clima. A falta d'água, no entanto, pode ser um "comportamento emergente" da interação destes sistemas; um prenúncio de outros fenômenos que deverão ocorrer em futuro próximo.
(Imagens: fotografias de Albert Renger-Patzsch)
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