Prefeitos de diversas
cidades do mundo reuniram-se no Vaticano, a convite do Papa Francisco. No
evento foram discutidas as mudanças climáticas e seu efeito no ambiente urbano,
como a degradação ambiental, a intensificação da pobreza e o aumento da vulnerabilidade
social. Do Brasil, participaram os prefeitos das cidades de Belo Horizonte, São
Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Curitiba, Porto Alegre e Goiânia. Ao final do
encontro os prefeitos apresentaram um documento enfatizando a importância da
transferência de tecnologia dos países ricos diretamente às cidades dos países
menos desenvolvidos e, especialmente, às das nações pobres.
A realização do evento volta
a chamar a atenção para o fenômeno das mudanças climáticas, que é cada vez mais
perceptível. O ano de 2014 foi considerado o mais quente da história, desde que
começaram as medições das temperaturas globais, no final do século XIX. O
primeiro semestre de 2015 confirma tendência de aumento, já que neste período a
temperatura média do globo foi 0,85ºC maior que a normal. O processo de
aquecimento da atmosfera deve continuar, já que as emissões de gases poluentes
causadores do aquecimento global e, consequentemente, das mudanças do clima,
voltaram a crescer em todo o mundo com a lenta recuperação das economias dos
países.
O problema afetará todas as
atividades humanas mas deve se tornar mais agudo nas cidades, onde já se
concentra 54% da população mundial; percentual que deverá chegar aos 66% até
2050. Apesar de só ocuparem 2% da área do planeta, as cidades são responsáveis
pelo consumo de 78% da energia mundial e por 60% das emissões de gases
poluentes. Atividades como a geração de energia, tráfego de veículos, atividade
industrial, uso de biomassa (principalmente para cocção nos países pobres) e
geração de resíduos orgânicos (esgotos não tratados e lixo a céu aberto) são as
que mais geram emissões de gases.
As cidades, principalmente
em países pobres e em desenvolvimento, são bastante vulneráveis aos fenômenos
climáticos, como ciclones, temporais, estiagens, aumento do nível dos oceanos,
etc. Estas ocorrências comprometem a infraestrutura urbana - energia,
transportes, saúde, segurança - dificultando a vida da população,
principalmente das grandes metrópoles. Alagamentos e deslizamentos de terra, com
destruição de moradias e às vezes de vidas, afetam as populações de baixa renda
que habitam áreas de risco ou de infraestrutura precária. Assim, os mais
afetados pelos fenômenos climáticos são os que têm pouco, e mesmo isto acabam
perdendo. Estas condições aumentam a pobreza e a vulnerabilidade destas
pessoas.
Por isso é premente que as
cidades se preparem para estes acontecimentos, já presentes em várias partes do
mundo, inclusive no Brasil. Para isso, necessitamos de um planejamento urbano
adequado, formado por três aspectos principais: 1) Regras e regulamentos, ou
seja, normas e legislação adequada para regulamentar a ocupação e as atividades
no espaço urbano; 2) Planejamento e modelos adequados para a organização da
cidade, em suas diversas regiões e épocas; e 3) Finanças municipais, o aspecto
mais importante para que uma cidade possa seguir o planejamento respeitando os
regulamentos. No Brasil temos grandes dificuldades em respeitar regras, seguir
planos e administrar finanças, mas precisamos mudar urgentemente esta cultura
política.
(Imagens: fotografias de François Kollar)
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