"Buda exortou-nos a usar a nossa consciência para compreender que não somos uma parte da natureza, que todos somos a natureza." - Jennifer Michael Hecht - Dúvida, uma história
Historicamente a eficiência
energética é tema recente no Brasil, já que até por volta de 1990 o país sempre
produzia mais eletricidade do que consumia. Em 2001, quando o país passou por
uma crise de abastecimento de eletricidade - também por falta de chuvas - foi
dado início às primeiras ações de eficiência energética e apoio às energias renováveis.
Nos últimos anos pouco foi feito para fomentar o uso mais eficiente da energia
elétrica. Apenas acidentes de percurso, como o aumento dos custos de
eletricidade devido ao baixo nível dos reservatórios e à falta de planejamento
no setor, levaram o consumidor e as empresas a adotarem algumas medidas de
economia.
No entanto, o desperdício de
eletricidade ainda é muito grande na economia brasileira. Apenas 67% da energia
elétrica gerada chega ao consumo, já que os restantes 37% são perdidos durante
a longa transmissão. Os setores que mais consomem energia são: as indústrias
(48%); residências (22%); comércio (14%); setor público (8%); agropecuária (4%)
e outros (4%). Segundo a EPE (Empresa de Pesquisa Energética do Ministério das
Minas e Energia), os setores com maior potencial de redução são o industrial, o
comércio e o setor público.
Quanto à energia elétrica, atualmente
o país se vê diante da seguinte situação: A) É preciso estabelecer uma
estratégia para garantir a segurança energética, já que não existem mais
grandes áreas para a construção de hidrelétricas, além da reação dos
ambientalistas a este tipo de projeto. A energia nuclear é cara, demorada, além
de ter muitos opositores no país. B) O grande potencial das energias renováveis
(solar, eólica, biomassa) começa apenas agora a ser explorado e ainda é uma
contribuição pequena na matriz elétrica. Além disso, este tipo de energia só
poderá atender parte da demanda; C) O consumo de energia só tenderá a aumentar,
já que a crise é passageira e a economia voltará a crescer, reativando o
consumo e, consequentemente, o comércio e a indústria.
É preciso, concluem
empresários e governo, implantar medidas de eficiência energética, já que o
custo de geração deste insumo não deverá cair mais - pelo menos nos próximos
anos. O Ministério das Minas e Energia já traçou alguns planos para o uso mais
eficiente da eletricidade em colaboração com o Conselho Nacional da Indústria
(CNI) e apoio financeiro do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico
e Social). As medidas, no entanto, pouco efeito tiveram na redução do consumo
de eletricidade no país. A EPE estima que em 2023 a energia conservada será de
54.222 GWh (gigawatt/hora), ou 6,5% do consumo total do país. Todavia, até o
momento não existe um plano detalhado de como alcançar esta economia.
(Imagens: pinturas de Hermann Max Pechstein)
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