O Brasil, devido a sua
extensão territorial e clima propício, é talhado para o agronegócio. Não é por
outra razão que quase 50% das vendas internacionais brasileiras são de produtos
deste setor. Especialistas preveem que nos próximos anos, com o aumento da
população mundial e do consumo de carne, o Brasil terá um papel cada vez mais
importante na produção deste alimento para o mundo.
A carne bovina é e
continuará sendo por muito tempo a mais importante fonte de proteínas para a
humanidade. O aumento do padrão econômico de milhões de pessoas faz com que o
consumo de carne continue crescendo, haja vista o que vem ocorrendo na China e
entre a classe média ascendente, de religião islâmica, na Índia. Com o aumento
da demanda, o Brasil expandiu em 727% suas exportações de carne entre 2000 e
2014, o que representou um salto de 779 milhões de dólares para 6,4 bilhões de
dólares.
No entanto, não somos os
únicos fornecedores de carne no mercado mundial e com certeza a competição com
países como os Estados Unidos, Argentina, Canadá e Austrália poderá, no futuro,
ser cheia de surpresas. Guerra de preços, barreiras não alfandegárias, cotas, entre
outros, podem ser problemas com os quais nosso setor agropecuário poderá se
defrontar, nos próximos cinco a dez anos.
Para evitarmos incorrer em
uma guerra de preços com nossos concorrentes, precisamos aumentar a nossa
produtividade. Segundo o jornalista Marcelo Leite, do jornal Folha de São
Paulo, a pecuária bovina tem baixíssima densidade, alocando menos de 100
cabeças por quilômetro quadrado (km²), o que faz com que a atividade ocupe 2,2
milhões de km², dos quais 700 mil km² na Amazônia. Esta ocupação se dá à custa
da derrubada da floresta nativa. Mesmo assim, nossa pecuária é muito ineficiente.
Com 211 milhões de cabeças - o maior rebanho do mundo - produzimos 9,1 milhões
de toneladas de carne, enquanto que os Estados Unidos, com 88 milhões de reses,
produziram 11,7 milhões de toneladas.
Outro aspecto negativo, que
poderá gerar barreiras comerciais à nossa carne e aos seu derivados, é a grande
emissão de metano, durante o processo de digestão de bois e vacas. O metano,
como sabemos, é um dos gases de efeito estufa, responsável pelo aquecimento da
atmosfera e das mudanças do clima. Os 115 milhões de toneladas de gás carbônico
emitido por nosso rebanho, é equivalente à poluição produzida por uma frota de
115 milhões de veículos 1.0, rodando cada um 20 mil quilômetros por ano. Uma
quantidade imensa de gás poluente.
Uma possível solução é
apresentada pela Universidade Federal de Minas Gerais, em associação com a ONG
Aliança da Terra e pesquisadores americanos. Constatou-se que com uma melhor alimentação
e em confinamento, o gado cresceria mais rápido, chegaria mais cedo ao tempo de
abate e assim ficaria menos tempo no pasto, ruminando e arrotado o gás metano.
(Imagens: cenas do filme "O gabinete do Dr. Caligari", de 1919)
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