"Para White (antropólogo Leslie White), cultura é um sistema integrado formado por três subsistemas distintos: o tecnológico, o sociológico e o ideológico. Esses três subsistemas estão interrelacionados e reagem mutuamente entre si." - Walter Neves - Antropologia ecológica
O Brasil abriga 1.833
espécies de aves, cerca de 20% do total mundial. Este número, no entanto, continua
crescendo, já que são constantes as descobertas novas espécies nas diversas
regiões do país, até nos arredores de grandes cidades como São Paulo e
Curitiba. O número de variedades de pássaros habitando a região metropolitana
de São Paulo (RMSP) gira em torno de 400, segundo a Secretaria do Verde e do
Meio Ambiente da cidade de São Paulo. Somente na área do Parque do Ibirapuera, já
foram observados 159 tipos de aves, cujo número aumenta em direção à Serra da
Cantareira, na região Norte da cidade, e do parque Capivarí-Mono, no extremo
sul da cidade, nos contrafortes da Serra do Mar.
Muitos dos habitantes
antigos das cidades da região têm a impressão de que as espécies e o número de
aves urbanas, as aves sinantropicas (que sendo selvagens se beneficiam da
presença humana), vêm crescendo ao longo das últimas décadas. Mais plantio de
árvores frutíferas e floríferas, aumento das áreas verdes e praças, conscientização
em relação à proteção das aves (as crianças nem conhecem mais os estilingues e
as arapucas); são alguns dos motivos que parecem ter atraído mais pássaros para
áreas urbanas da RMSP. Tal interpretação é defendida pelo engenheiro e
ornitólogo brasileiro Johan Dalgas Frisch, um dos maiores estudiosos das aves
brasileiras.
Impressão ou não, o fato é
que quanto maior o número de aves urbanas em nossas cidades, tanto melhor. Os
pássaros, além dos seus cantos e de suas belas cores, prestam-nos serviços
ambientais como o controle biológico de pragas (insetos, pequenos vertebrados),
a polinização de flores e a disseminação de sementes. As aves também são um
indicador ambiental; quanto maior a presença e a variedade de pássaros, melhor
a qualidade do ambiente. Por isso é importante que os habitantes e os
administradores municipais façam o plantio de árvores frutíferas e floríferas,
atraindo grande número e tipos de aves para os ambientes urbanos.
As aves mais comuns na RMSP
são o pardal e o pombo doméstico (ambas as espécies trazidas da Europa durante
os primeiros anos de colonização), o sabiá da terra, sabiá laranjeira, tico-tico,
saíra, sanhaço, bem-te-vi, cambacicas, beija-flor, coleirinha, corruíra,
periquito, joão de barro, pica-pau anão, coruja buraqueira, entre outros.
Para
aqueles que querem alimentar as aves urbanas, especialistas recomendam
recipientes colocados em árvores ou lugares abertos, contendo frutas como
mamão, laranja, banana, tangerina, maçã, pêra, carambola; e sementes como o
girassol, painço, quirera de milho e alpiste.
As cidades brasileiras, em
geral, ainda têm grandes deficiências de infraestrutura, urbanismo e meio
ambiente. Córregos poluídos por esgotos, loteamentos semiclandestinos sem
arruamento e construídos em áreas de risco, falta de parques e arborização nas
ruas; são problemas comuns a todos os municípios, há muitas décadas. Para
modernizar o país é preciso que novas gerações de vereadores e prefeitos,
devidamente preparados, tomem a si a tarefa de melhorar o padrão de
habitabilidade de todos os bairros de nossas cidades, distribuindo
democraticamente os benefícios do desenvolvimento econômico e tecnológico. Quando
esta época chegar, será talvez o número e as espécies de aves urbanas que se
avistam em cada rua, um dos fatores que definirá o padrão de desenvolvimento de
cada município.
(Imagens: fotografias de igrejas medievais)
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