Tramita na Câmara projeto
que autoriza a fabricação e a venda de carros leves a diesel no Brasil. O
projeto já foi rejeitado pelos deputados Sarney Filho (PV-MA) e Mendonça Filho
(DEM-PE), respectivamente ministros do Meio Ambiente e da Educação do atual
governo. Em 2015 o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) criou uma comissão especial
e depois de cinco anos de tramitação trouxe o tema novamente para votação. O
relator do projeto, deputado Evandro Roman (PSD-PR) pretende levar o projeto a
votação até meados de junho. Assim, quando este artigo for publicado, o
resultado da votação já será conhecido.
Para discutir o projeto, foram
realizadas diversas audiências públicas, com a participação de montadoras,
fabricantes de autopeças, produtores de combustíveis, órgãos ambientais, além
dos ministérios do Meio Ambiente, das Minas e Energia, a Agência Nacional de
Petróleo, Petrobrás e outros. De uma maneira geral, a maior parte dos especialistas
se colocou contra o projeto.
O relator do projeto defende
que o consumidor deve ter direito de escolha, já que carros a diesel tem
consumo menor de combustível. A situação, no entanto, não se resume apenas a
uma suposta liberdade de escolha do consumidor. O diesel tem um preço menor
porque não tem a mesma tributação dos outros combustíveis, sendo utilizado por
caminhões que fazem o transporte de cargas. Se o combustível vier a ser
utilizado por automóveis de passageiros, aumentará o volume consumido e,
consequentemente, suas importações. Com isso o governo precisará aumentar os
impostos sobre o diesel, encarecendo os custos de todo o setor de transportes.
Outro aspecto refere-se ao
meio ambiente e à saúde. É fato que o diesel é um dos combustíveis mais
poluentes. Mesmo a Europa, depois do escândalo dos carros da Volkswagen (a
montadora declarava determinado nível de emissão de gases, quando efetivamente
os carros emitiam muito mais) já está começando a rever sua política ambiental
com relação aos automóveis movidos a diesel. "A Europa começa a discutir a
restrição desses carros, culpando o diesel pela poluição das regiões
metropolitanas. E nós vamos receber o lixo tecnológico que vai ser proibido
lá?", cometa ao jornal O Estado de São Paulo o deputado Bruno Covas, ex
secretário do Meio Ambiente do estado de São Paulo e opositor do projeto.
O Brasil, assim como todos
os países emissores de gases de efeito estufa, acordou metas de redução de
emissões durante a Conferência Mundial do Clima de Paris, em dezembro último. A
liberação dos motores a diesel para veículos de passeio aumentaria
consideravelmente as emissões de gases no país, além de piorar os microclimas e
a poluição das nossas grandes cidades. No balanço geral o projeto trará muitas
desvantagens e algumas poucas vantagens. Estas últimas principalmente para o
setor automotivo.
(Imagens: pontes romanas)
0 comments:
Postar um comentário