O setor de transportes é um
dos que mais contribui para a emissão de gases de efeito estufa (GEE) em todo o
mundo, representando aproximadamente 20% do volume total das emissões. O mesmo
ocorre no Brasil, onde grande parte dos transportes de produtos e mercadorias é
feita através de caminhões. Na falta de um moderna infraestrutura de
transportes de massa, parte significativa da população dos grandes centros
urbanos brasileiros se utiliza do próprio automóvel, contribuindo mais ainda
para o aumento das emissões de GEE.
Apesar da queda no consumo
de combustíveis no Brasil entre 2014 e 2015 - 4,7% no caso do diesel e 7,3% no
da gasolina - o aumento na queima dos combustíveis foi uma constante ao longo
dos últimos 20 anos. A crise econômica deve refrear esta tendência ainda por
mais um ou dois anos, mas logo que a economia mostrar uma pequena melhora e a
produção e a distribuição voltarem a acelerar, a curva do uso de combustíveis
voltará a subir. Por outro lado, apesar de ter reconquistado recentemente a
autossuficiência volumétrica na produção do petróleo, o país ainda importa óleo
diesel e outros derivados, dada a falta de capacidade para refino.
Do óleo diesel utilizado no
Brasil, 75% do combustível é queimado pelo setor de transportes. Um volume
considerável, que faz com que o país seja o segundo maior mercado mundial de
consumo de diesel. A qualidade deste óleo combustível sempre foi bastante
baixa, com altos índices de enxofre, o que aumentava a presença da fuligem
resultante da queima do combustível. Desde 2013 o padrão do diesel melhorou
bastante com o lançamento dos óleos tipo S-10 e S-50, propiciando considerável
redução de enxofre. Outro aspecto na melhora da qualidade do diesel refere-se à
sua composição; atualmente 7% de seu volume é constituído por biodiesel (óleo
de origem vegetal). Este percentual deverá se elevar para 8% em 2017 e crescer
1% a cada ano até 2019, quando chegará aos 10% do volume do diesel.
A qualidade da gasolina
brasileira, no que se refere à emissão de poluentes especialmente enxofre, era
bastante baixa. A partir de janeiro de 2014, com nova formulação, a presença do
enxofre na gasolina foi bastante reduzida, caindo de 800 ppm (partes por
milhão) para 50 ppm. A adição de 25% de etanol anidro (álcool) à gasolina, faz
com que 1/4 do combustível seja de origem renovável, não adicionando novas
quantidades de GEE à atmosfera quando queimado. O programa brasileiro do etanol
é único em todo o mundo (na quantidade em que é adicionada à gasolina), e é
importante que o novo governo tenha na recuperação deste programa uma de sua
principais metas de sua política energética.
A emissão de GEE pelo setor
de transportes tem impacto direto sobre a saúde da população urbana, segundo
diversos estudos já realizados. No entanto, entre 2003 e 2011 as emissões do
setor de transportes aumentaram 17,8% na cidade de São Paulo, segundo dados da
Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. Em 2013 63,1% das emissões de GEE na
cidade eram originadas pelo setor de transportes. Destas, 51% gerados por
automóveis; 17% por veículos comerciais leves e caminhões; 13% por ônibus e 3%
pelas motocicletas, entre outros. Por isso, é importante melhorar a eficiência
dos motores, inclusive através de programas de controle de emissões, e melhorar
a qualidade ambiental dos combustíveis.
(Imagens: fotografias de pontes)
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