"Como poderão ver, tudo se constrói a partir do eixo de um condicional: se algo existe em vez de nada, então existem fatos que tornam possível a existência das coisas que existem. Este é o chamado condicional de base." - Markus Gabriel - O sentido da existência - Para um novo realismo ontológico
A destruição de solos
férteis é um dos mais graves problemas a serem enfrentados pela maioria dos
países. Assim como o efeito estufa, a poluição dos oceanos e a diminuição dos
recursos hídricos, o desaparecimento de solos agricultáveis é mais um fator de
preocupação com relação ao futuro da humanidade.
Atualmente cerca de 38% das
terras do planeta são usadas para atividades agrícolas. No entanto, em grande parte
dos países, principalmente as nações pobres, a agricultura tem sido feita de
maneira insustentável, sem levar em conta o impacto da atividade sobre o meio
ambiente e os demais recursos naturais, principalmente o solo. Assim, por
exemplo, a falta de técnicas de combate à erosão, como o plantio em terraços,
faz com que a chuva arraste parte da terra fértil, encharcada de adubos e
defensivos agrícolas, para a parte mais baixa do terreno e dali para os riachos
e córregos.
A eliminação da mata ciliar
que vai beirando os cursos d’água, tendo para estes uma função protetora, faz
com que parte da terra lavada pela chuva da área de plantio, acabe assoreando os
rios e poluindo suas águas com excesso de fertilizantes e defensivos. Muitas
vezes são destes mesmos rios que os agricultores vizinhos e cidades da região
captam água para consumo humano. Ao mesmo tempo, não penetrando devidamente no
solo, o lençol freático não é suficientemente abastecido com água, sofrendo
queda constante e forçando os agricultores a buscarem água em profundidades
cada vez maiores – fato que acontece na Índia e no Paquistão há alguns anos e
que por fim secará o subsolo.
Segundo a FAO (Organização
das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) a degradação do solo é
definida como uma mudança na saúde da terra, com a diminuição da capacidade dos
ecossistemas que se desenvolvem sobre este solo, de fornecerem bens e serviços.
Esta mudança não se limita à disponibilidade de água; inclui presença ou não de
microrganismos endógenos, composição balanceada de minerais e de matéria
orgânica, acidez e aeração correta, entre outros fatores.
Nem todos os solos são
naturalmente propícios à agricultura, há que corrigi-los. Da mesma forma, solos
originalmente indicados para o plantio são desequilibrados por uma prática
incorreta. Esta é a razão pela qual a atividade humana aumentou em 10 a 40
vezes a velocidade de ocorrência da erosão, em comparação às condições
naturais. Aqui vale lembrar que a natureza leva em média 500 anos para repor
2,5 cm de solo fértil. A prática agrícola necessita em média de uma camada de
15 a 30 cm de solo e esgota 2,5 cm deste solo fértil a cada 25 anos. Com isso,
os Estados Unidos estão perdendo solo 10 vezes mais rápido que a capacidade
natural de reposição; a China e a Índia 30 a 40 vezes.
(Imagens: fotografias de August Sander)
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