"A Fotografia não rememora o passado (não há nada de proustiano em uma foto). O efeito que ela produz em mim não é o de restituir o que abolido (pelo tempo, pela distância), mas o de atestar que o que vejo de fato existiu." - Roland Barthes - A câmara clara
Estamos a alguns dias das
eleições municipais de 2016. A crise econômica e principalmente a nova
legislação eleitoral, fez com que nesse ano as campanhas fossem mais modestas e
menos ruidosas. Porém os temas tratados pelos candidatos continuam os de
sempre: saúde, educação, transporte, segurança, emprego, entre os principais.
Na maior parte das cidades o emprego e a saúde se tornaram prioritários,
refletindo o desmonte da economia e a falta de recursos no governo federal. Infelizmente,
entra eleição e sai eleição, dada a falta de uma infraestrutura básica,
continuamos a nos preocupar com os mesmos velhos problemas. Ainda estamos longe
de incorporar novas tecnologias e conhecimentos à gestão pública, como já fazem
outras comunidades mundo afora.
Basicamente são poucas as novidades
em relação aos anos eleitorais anteriores, até mesmo na pouca importância que
partidos e candidatos continuam dando à questão ambiental. Saneamento, serviço
que parte considerável das cidades brasileiras não dispõe – cerca de 50% –
continua sendo tema completamente ausente dos debates. A realidade é que as cidades
de pequeno e médio porte não têm recursos suficientes para implantar sistemas
de coleta e tratamento de esgoto. Dependem dos governos estaduais e de recursos
federais que, todos sabem, estão escassos ou indisponíveis. Sendo assim, não se
toca no assunto, já que a maior parte dos munícipes nem se preocupa com o
assunto, não sabendo que os efluentes de sua casa são descarregados no rio onde
muitos pescam aos domingos.
Os candidatos a prefeito de
São Paulo vêm apresentando algumas idéias com relação ao meio ambiente, dado
que no caso da maior cidade do país não é possível fugir do assunto. Mas todas,
segundo os especialistas, são propostas genéricas, muitas delas inevitáveis, já
que se destinam a cumprir a lei – no caso a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS) que em São Paulo passará a vigorar a partir de 2018. Outras sugestões
dos candidatos incluem a criação de um maior número de parques, a educação
ambiental nas escolas, a introdução dos LEDs na iluminação pública e colocação
de placas fotovoltaicas no topo dos prédios. Realmente, nada de novo. O que os
candidatos vêm esquecendo é a necessidade de implantar medidas para reduzir as
emissões veiculares, como a volta do Controlar que, cedo ou tarde, terá que ser
reativado. A questão das enchentes é outro problema que a cada ano, na época
das chuvas, volta a afetar grande parte da população.
Enquanto a administração
pública seja na figura do prefeito, dos vereadores e na própria burocracia
administrativa, não houver incorporado a importância do meio ambiente e dos
recursos naturais, nossas cidades continuarão sendo malcuidadas, feias e sujas.
Se o planejamento urbano continuar a ser orientado apenas pelos interesses
econômicos ou por políticas imediatistas, ainda enfrentaremos os mesmos
problemas urbanos por décadas. O cidadão brasileiro, tendo testemunhado a
corrupção e inépcia administrativa que vem sendo colocada a público nos últimos
meses, está cansado de continuar empregando administradores públicos incompetentes,
quando não criminosos. As idéias da modernidade precisam ser incorporadas à
ideologia e à pratica da gestão pública brasileira.
(Imagens: fotografias de Koen Wessing)
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