“Se acredito na vida após a morte? Não sei nem se acredito na vida antes da morte! Acho que acredito na morte durante a vida.” - Groucho Marx
As autoestradas brasileiras
são responsáveis por um número considerável de mortes de animais silvestres.
Segundo cálculos do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estadas (CBEE),
da universidade de Lavras, cerca de 475 milhões de animais silvestres são
mortos por atropelamento no país por ano. Os dados representam uma taxa média e
foram obtidos de 14 estudos científicos realizados por diversas fontes. Só para
efeito de comparação, segundo dados do governo alemão publicados em 2012 na
revista Focus online, são atropelados em média na Alemanha 500 mil animais por
ano. Este número também é bastante significativo, considerando que o país é 23
vezes menor que o Brasil e tem um sistema rodoviário e de controle ambiental
bastante organizado. Nos Estados Unidos, segundo dados publicados pelo jornal
New York Times em 2010, são mortos um milhão de animais por dia, entre
pássaros, répteis, mamíferos e anfíbios.
De uma maneira geral, os
atropelamentos de animais se devem a alguns fatores comuns às diversas regiões.
Diminuição das áreas de vegetação original, incêndios, seca, redução de
alimentos, caça e extração ilegal de madeira; são fatores que fazem com que os
animais se desloquem para salvar a vida e procurar alimentos em outro lugar.
Nessa viagem, às vezes percorrendo dezenas de quilômetros, acabam chegando às
autoestradas e, ao tentar atravessá-las, são atropelados e muitas vezes
provocam acidentes graves.
Há casos como aqueles
relatados em reportagem recente no jornal O Estado de São Paulo. Anhanguera,
uma suçuarana macho jovem, recebeu este apelido por ter sido atropelada na
rodovia com o mesmo nome. Acolhido em um centro de recuperação, recobrou a
saúde e depois de um ano foi solto na Serra do Japi, na região de Jundiaí.
Depois de um ano, o mesmo animal foi novamente atropelado e morto na rodovia
Bandeirantes, que passa perto da serra. Destino semelhante teve um lobo guará,
encontrado desorientado na região de Campinas. Solto novamente, se deslocou
para uma área que pegou fogo, sendo atropelado enquanto fugia das chamas.
Segundo o especialista que
coordena uma das unidades de recolhimento destes animais, existem dúvidas em
relação ao elevado número de animais mortos, segundo as estatísticas. O que
acontece, no entanto, é que somente 1% do número total de animais mortos é de
grande portes. Os pequenos praticamente desaparecem prensados no asfalto ou são
consumidos pelos urubus e carcarás. Isto quando não são imediatamente atirados
para fora da pista, vindo a morrer em algum barranco da estrada.
Uma das soluções
apresentadas para diminuir esta matança de animais silvestres é a aprovação do
Projeto de Lei 466/2015, apresentado pelo deputado Ricardo Izar (PSD-SP), que
tramita em regime de urgência na Câmara. O projeto cria regras para construção
de estradas, coleta de dados sobre fluxos de animais e implantação de medidas
que facilitem o movimento da fauna através das regiões, entre outras providências.
O PL foi elaborado em conjunto com entidades ambientalistas e especialistas no
assunto.
Enquanto o marco legal não é
aprovado, os processos de licenciamento das rodovias estão exigindo
providências, que possam reduzir os casos de atropelamento, principalmente nas
regiões mais sujeitas a este tipo de acidente. É o mínimo que se pode fazer
para preservar espécies animais muitas vezes ameaçadas.
(Imagens: Projetos da arquiteta Lina Bo Bardi)
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