Relatório da Organização
Mundial de Saúde (OMS), publicado em maio de 2016, informa que mais de 80% das
cidades que em todo o mundo que monitoram a qualidade do ar, têm índices de
poluição atmosférica acima dos padrões estabelecidos pela OMS. Das 2.972
cidades avaliadas pelo órgão, 2.842 excedem o limite anual de 20 µg/m³ (20
microgramas por metro cúbico). Segundo a ONG brasileira Instituto Saúde e
Sustentabilidade, o Brasil ainda adota padrões de medição da poluição do ar na
faixa de 50 a 150 µg/m³/ano e no estado de São Paulo de 40 a 120 µg/m³/ano, o
que demonstra nosso atraso com relação aos padrões da OMS.
Outro aspecto da situação
brasileira é que são pouquíssimas as cidades que têm algum sistema de medição
da qualidade do ar; apenas 1,7% dos municípios brasileiros, dos quais a maior
parte está localizada na região Sudeste. Das cerca de 95 cidades brasileiras
que têm algum tipo de monitoramente de suas atmosferas, 40 apresentaram índices
de poluição do ar acima dos padrões da OMS - cerca de 42% das cidades
regularmente monitoradas.
Uma das regiões com a mais
baixa qualidade do ar no país é a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), que
abrange a cidade de São Paulo e mais 38 municípios do entorno. Trata-se de uma
área de aproximadamente 8.000 km² e 21 milhões de habitantes, onde rodam cerca
de 8 milhões de veículos, entre automóveis, caminhões, ônibus e utilitários. Já
em 2011 o Instituto Saúde e Sustentabilidade informava que 4.655 pessoas
morriam na cidade de São Paulo, devido a problemas de saúde causados
diretamente pela poluição atmosférica.
Os problemas causados pela
poluição são os mais diversos podendo agravar doenças preexistentes ou provocar
o aparecimento de novas. Quatro são os principais agentes poluidores do ar: o gás
monóxido de carbono (CO) que pode provocar tontura, alterações no sistema
nervoso central e acentuar doenças cardíacas preexistentes; o gás dióxido de
enxofre (SO²) que provoca coriza, catarro, danos aos pulmões e em doses
excessivas pode causar a morte; o gás óxido de nitrogênio (NOx, NO²) que causa
afecções respiratórias e alterações celulares; e o material particulado
(fuligem, poeira e a fumaça), que causa alergias, bronquites e pode provocar o
câncer. Fato é que a poluição do ar provocada principalmente pela queima de
combustíveis como o diesel, a gasolina e o etanol é comparável à fumaça do
cigarro: sabe-se que prejudica a saúde de diversas maneiras, mas é possível que
seu efeito pernicioso seja ainda maior.
A OMS tem diversas
estatísticas sobre doenças e mortes provocadas pela poluição do ar. Em cidades
como Nova Delhi, na Índia, e Pequim, na China, os índices de poluição de ar são
de 300 µg/m³ - mais de 10 vezes acima do nível máximo fixado pela OMS. Não é por
coincidência que nesses países morrem cerca de 1,5 milhões de pessoas por ano,
por doenças e suas consequências provocadas pela má qualidade do ar.
A poluição do ar nas cidades
é provocada por atividades industriais e, principalmente, por emissões
veiculares. Para controlar e reduzir gradualmente a poluição do ar é necessário
que governos estaduais e municipais instituam ou ampliem sistemas de medição e
monitoramento, tanto para as indústrias e principalmente para os veículos. Não
é mais aceitável que veículos poluidores continuem rodando por nossas cidades,
indiretamente ceifando vidas humanas.
(Imagens: imagens do Museu Brasileiro de Escultura - projeto do arquiteto Paulo Mendes Rocha)
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