(publicado originalmente no site www.ricardorose.com.br em 7/11/2016)
Está quase para terminar o
ano de 2016 e pouca coisa mudou no país desde o início do ano. Apesar do
afastamento da presidente Dilma, sucedida por seu vice-presidente Michel Temer,
a economia continua em situação ruim e o desemprego ainda está em crescimento.
A inflação começa a retroceder, mas os indicadores econômicos permanecem pouco
promissores. A aprovação da PEC 241, que estabelece limite de gastos para o
governo nos próximos 20 anos, é um sinal de que o atual governo vai tentar
manter os gastos sob controle. Setor privado e a grande maioria dos economistas
concordam que o projeto de emenda constitucional será a base para uma série de
reformas, que este e outros governos terão que fazer para modernizar o Estado
brasileiro. A reforma da Previdência e as reformas Fiscal, Trabalhista e
Política, poderão fundamentar as bases para uma economia voltada para o mercado
e a livre iniciativa, com menos ingerência do Estado e ao mesmo tempo eliminar
diversos privilégios que ainda beneficiam parte da burocracia estatal nos Três
Poderes.
Na análise de muitos
especialistas o Brasil se encontra em uma encruzilhada. Pode seguir o caminho
que vem seguindo deste o governo de Vargas, na década de 1930, com um Estado
intervencionista, que se tornou ainda mais estatizante durante o período do
Regime Militar. Estatização, burocratização, ingerência na economia, falta de
concorrência e transparência são algumas das características deste regime. Economia
fechada e aumento de impostos para médios e pequenos empresários e trabalhadores,
mas benefícios para aqueles (grandes) grupos econômicos que têm boas relações
com o governo. Formação de castas de privilegiados dentro da burocracia pública
e nas estatais, que constituem apoiadores e propagandistas deste regime
nacional desenvolvimentista. Essas características foram mantidas também
durante os governos FHC e PT, com alguns benefícios para as camadas mais baixas
da população. Nesta maneira de se apoderar do Estado e de usá-lo em benefício
de seus interesses a direita e a esquerda são iguais.
Outro caminho que o país
poderá seguir é o de uma economia aberta, voltada para o mercado, onde o Estado
e sua estrutura burocrática seriam menores e se ocupariam de coisas essências,
como a Educação, a Saúde, a aprovação e o respeito às leis e a gestão pública.
Grande parte das atividades atualmente ainda nas mãos do Estado seria
transferida para a iniciativa privada, e o governo teria uma forte função
fiscalizadora – aquilo que as agências reguladoras deveriam fazer e em grande
parte não estão fazendo. Estas providências reduziriam o custo do Estado,
liberando mais recursos para outras áreas essenciais, com a Educação e a Saúde.
O processo para modernização deverá ser lento, pois reformas estruturais desta
amplitude não são possíveis de serem realizadas em poucos anos. Mas é preciso
dar início ao processo, estabelecendo metas e constantemente avaliando
resultados, já que um dos objetivos é ter uma administração pública mais
eficiente (veja-se o atual caso do estado do Rio de Janeiro como exemplo
oposto).
Na área ambiental a situação
é a mesma da política e da economia; mais do mesmo. Um ano depois do desastre
com a barragem de resíduos de mineração em Mariana, o caso está longe de uma
solução. O processo contra a empresa Samarco corre com lentidão na justiça e os
afetados pela tragédia continuam aguardando por recursos suficientes para
definitivamente reestruturarem suas vidas. O rio Doce, que teve todo o seu
ecossistema destruído pela lama, ainda permanece morto em grande parte de seu
curso, afetando o meio ambiente e as atividades econômicas que dependiam de
suas águas.
Na Amazônia aumentou o desmatamento no período 2015-2016, o que coloca mais uma vez o país em situação ruim perante as agências internacionais e também põe em dúvida nossa real capacidade de alcançar o objetivo de “desmatamento zero” até 2030. O setor da agropecuária também deverá começar a se preocupar com suas emissões originadas principalmente na preparação do solo e na criação de animais. Para manter seu lugar de destaque como exportador de alimentos – fato importante para a segurança alimentar do mundo – o país precisará aumentar seus investimentos em pesquisa de novas tecnologias nesta área, a exemplo do que empresas como a EMBRAPA vêm fazendo desde os anos 1980.
Na Amazônia aumentou o desmatamento no período 2015-2016, o que coloca mais uma vez o país em situação ruim perante as agências internacionais e também põe em dúvida nossa real capacidade de alcançar o objetivo de “desmatamento zero” até 2030. O setor da agropecuária também deverá começar a se preocupar com suas emissões originadas principalmente na preparação do solo e na criação de animais. Para manter seu lugar de destaque como exportador de alimentos – fato importante para a segurança alimentar do mundo – o país precisará aumentar seus investimentos em pesquisa de novas tecnologias nesta área, a exemplo do que empresas como a EMBRAPA vêm fazendo desde os anos 1980.
(Imagens: pinturas de Gerhard Richter)
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