(publicado originalmente na página da Academia Peruibense de Letras no Facebook)
Matsuo Bashô (1644-1694) ou
simplesmente Bashô foi o poeta mais
famosos do Japão no período Edo. Bashô, que era filho de um samurai, iniciou sua
carreira como pajem de um nobre, quando começou a tomar gosto pela poesia
"no renga". Com a morte do nobre, teve que deixar a casa de seu
protetor passando a viajar pelo Japão, aprofundando seus estudos sobre o
zen-budismo e a poesia.
Foi Bashô quem estabeleceu
os cânones da tradicional poesia japonesa do "haikai". Derivado da
poesia aristocrática "renga", o haikai passou a assumir diversas
formas, todas praticadas por mestre Bashô. Misturando aspectos cômicos e
espirituais, o haikai retrata imagens do cotidiano, da natureza e figuras da
cultura popular; como o mendigo, o fazendeiro e o viajante.
Bashô publicou uma grande
variedade de poemas, a maioria deles ainda inéditos em português. Seu livro
mais famoso, Sendas de Oku, reúne
seus mais famosos versos. No Brasil, a poesia do haikai também foi praticada
por autores como Guilherme de Almeida, Millôr Fernandes e Paulo Leminski.
Do
mestre Bashô selecionamos alguns haikais disponíveis no portal "Nippo
Brasil"
(http://www.nippo.com.br/zashi/2.haicai.mestres/092.shtml),
começando com o haikai mais famosos de todos os tempos, "furu ike",
"Velho lago":
Olha
o velho lago -
Após
o salto da rã
O
barulho da água.
Abaixo, outros
"haikais" do grande poeta:
Ah,
lua de outono -
Caminhei
a noite inteira
Em
torno do lago.
À
beira da estrada
A
flor do hibisco, e o cavalo
De
pronto a comeu!
No
pensamento
Um
esqueleto abandonado -
Arrepios
ao vento.
Bananeira
ao vendaval de outono -
Pingando
numa bacia.
Sobre
o galho seco
Um
corvo pousado -
Entardecer
de outono.
Sob
esta ameixeira
Até
mesmo o boi vem dar
Seu
primeiro mugido.
(Imagens: pinturas retratando Bashô)
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