(publicado originalmente na página do Facebook da Academia Peruibense de Letras)
Jorge Francisco Isidoro Luis
Borges Acevedo (1899-1986), conhecido como Jorge Luis Borges, foi contista,
ensaísta, poeta e tradutor argentino. Descendente de uma tradicional família de
políticos, foi educado em casa até os onze anos de idade, quando se tornou fluente
em inglês. Em 1914 a família muda para a Suíça, onde o futuro escritor frequenta
a escola e aprende também o francês. Durante sua permanência no país também
aprende a língua alemã e desde cedo lê os filósofos alemães, ao mesmo tempo em
que tem acesso ao que de mais moderno se produzia à época na literatura
mundial.
Em 1921 retona à Argentina
onde publica seu primeiro livro de poemas "Fervor de Buenos Aires" e
inicia atividade de jornalista e escritor no jornal "Prisma", do qual
é um dos fundadores. A partir dos anos 1930 começa sua carreira de ficcionista,
escrevendo em um estilo batizado à época de "irrealidade"; mais tarde
conhecido como "realismo mágico". Com influências da fenomenologia e
do existencialismo, filosofias em voga à época, Borges começa a publicar contos
e ensaios em diversas revistas literárias da Argentina e do exterior.
Em 1955 Borges fica
completamente cego e nunca chegou a aprender o braille. Mesmo assim, torna-se
diretor da Biblioteca Pública Nacional e professor de literatura inglesa na
universidade de Buenos Aires. Entre 1967 e 1968 foi também professor na universidade
de Harvard. A partir dessa época passa a ganhar notoriedade internacional,
tendo seus textos traduzidos para várias línguas e recebendo premiações de
diversas instituições. Borges faleceu na Suíça, na companhia de sua companheira
e secretária, Maria Kodama.
A literatura de Borges é a
literatura filosófica e fantástica; é uma misto de ideias e referências
filosóficas, literárias, históricas, fazendo alusões a mitos, religiões e
relatos de povos do mundo inteiro. Entre suas principais obras estão "História
universal da infâmia" (1935), "Ficções" e "O Aleph",
publicados na década de 1940; "O livro dos seres imaginários" (1967),
"O informe de Brodie" (1970), "O livro de areia" (1975),
entre outros. Borges também escreveu centenas de ensaios sobre diversos
assuntos, alguns deles reunidos no livro "Outra inquisições" (1952).
Deste livro, publicado em 2007 pela Companhia de Letras, ressaltamos as
seguintes passagens:
"As ilusões do patriotismo não têm limite. Nos século primeiro de nossa
era, Plutarco zombou daqueles que afirmavam que a lua de Atenas seria melhor do
que a lua de Corinto; Milton, no século XVII, notou que Deus tinha o costume de
se revelar primeiro para Seus ingleses; Fichte, no início do XIX, declarou que
ter caráter e ser alemão é, evidentemente, a mesma coisa."
"Com efeito, se o mundo for sonho de Alguém, se houver Alguém que agora
esteja nos sonhando e que sonha a história do universo, como prega a doutrina
da escola idealista, a aniquilação das religiões e das artes, o incêndio geral
das bibliotecas não será muito mais importante do que a destruição dos móveis
de um sonho. A mente que alguma vez os sonhou voltará a sonhá-los; enquanto a
mente continuar sonhando, nada se terá perdido."
"No oitavo livro da Odisséia,
lê-se que os deuses tecem desgraças para que às futuras gerações não falte o
que cantar; a afirmação de Mallarmé 'O mundo existe para chegar a um livro'
parece repetir, uns trinta séculos depois, o mesmo conceito de uma justificação
estética dos males."
(Imagens: fotografias de portas na cidade de Iguape, SP, de Ricardo E. Rose)
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