Perante o ente
A
“atenção” perante todas as coisas, perante o funcionamento do universo, das
leis do universo, de tudo.
Já
que não se pode, necessariamente, trilhar o caminho do “fé” do cristianismo,
o caminho do “conhecimento” do budismo, sem falar nas outras religiões e nas
filosofias humanistas.
A
consequência do criticismo é uma conclusão “não conclusiva”. Não há pontos
fixos.
Será
que a “não-ação” é a “aceitação” da realidade? Já que não podemos alterar de
modo institucional, é preciso ter uma atitude de atenção perante o ente.
Pensando
sobre a ordem do universo, a sua grandiosidade e a praticamente “não
possibilidade de interferência” na realidade. Mesmo que não possamos entender o
ente, e, exatamente por isso, devemos manter uma atitude de “atenção” perante
o ente.
Não
será preciso, talvez, abdicar da intenção de querer “dominar”, “catalogar” e
“compreender” o ente, e, simplesmente, permanecer em uma atitude de “espera” da
manifestação do “ente” - ou de sua absoluta falta de manifestação?
Por
que deve haver sempre uma diretriz, uma “intenção em relação a..”? Por que
não se pode encarar o “ente” com nenhum “interesse”? Sem “objetivos finais” e
sem apegos ou muletas na realidade intelectual-material? Em outras palavras,
por que é preciso sempre encontrar um “sentido”, um “objetivo” no ente, no
universo?
Sem
necessidade de um “Deus” no sentido judaico-cristão. “Atenção". Não julgar ou se apegar ou rejeitar. Apenas observar humildemente, e com
respeito, todo o processo do ente. Não
há necessariamente uma “razão”, um “por que” a procurar. Simplesmente observar
o fluxo.
É
mais ou menos como abrir mão de todas as pretensões, de todos os esforços e
preocupações, que no final das contas em nada mudarão o desenrolar dos fatos e
dos fluxos.
Não se trata de um fatalismo, mas de um “não nadar contra a
correnteza desnecessariamente”. Devem ir-se as preocupações. Afinal, somos
pequenas peças, pequenos lampejos de consciência, em um imenso fluxo, muito
maior do que nós.
As imensidões do espaço sideral, a complexidade da
matéria/energia, a multiplicidade de opiniões, a incomensurabilidade do tempo,
a fragilidade da vida humana, a pequenez individual perante a um imenso
processo inexorável. Para que a fútil pretensão humana em “dirigir” os acontecimentos?
Porém
sem mágoa e ressentimento. Mas, a observação de um processo,
no qual apenas podemos “ir junto” sem esperar que este processo nos conduza a
algo ou condição.
(imagem: gravura representando G. C. Lichtenberg)
0 comments:
Postar um comentário