"Tanto no referendo da UE quanto na eleição dos Estados Unidos, fornecedores das Forças Armadas usaram tecnologias de inteligência militar para influenciar eleições democráticas em seus próprios países." - James Bridle - A nova idade das trevas
Euforia
nos noticiários da TV, nos programas de notícias das rádios e nos artigos
jornalísticos. Depois de muita expectativa por parte do governo e do setor
empresarial, as compras de final de ano parecem ter atingido o maior volume de vendas desde
2010. Gráficos, tabelas e dirigentes de instituições, comentado com entusiasmo a
boa nova: o crescimento da economia finalmente voltou! Será? Outros setores do comércio reportaram que as vendas em grande parte foram iguais às de 2018 e em alguns estabelecimentos até abaixo disso.
Todos
lembram que também se esperava a recuperação da atividade econômica depois da
votação do teto de gastos do orçamento federal, e nada ocorreu. Depois da votação
da reforma da lei trabalhista, muito certamente, o crescimento voltaria,
dizia-se. Mas nada aconteceu. Aí, falou-se que depois da eleição de Jair
Bolsonaro o mercado reagiria positivamente. Também não. Sim, mas após a posse,
tudo voltaria a andar – só que não. Passou quase um ano, durante o qual a economia continuava a avançar a passos de tartaruga - cansada. Agora, no final do ano, havia uma nervosa - quase histérica - espera
pelos resultados das vendas do Black Friday e do Natal.
Os
resultados foram até além do esperado, dizem os muito otimistas. Com a liberação de parte do FGTS e do
PIS-PASEP, a baixa dos juros e a
contratação temporária de trabalhadores no comércio por ocasião das festas de
final de ano, houve uma injeção de ânimo e de recursos na economia brasileira. Parece ter aumentado o consumo. Com isso, segundo muitos economistas, finalmente deu-se o primeiro passo na gradual
recuperação da atividade econômica. Mas as próximas semanas nos dirão se a) houve efetivamente um aumento do consumo e b) se esta tendência se manterá a partir de março de 2020.
Nos
últimos seis anos, milhões de trabalhadores perderam o emprego – ainda são
cerca de 12,5 milhões de desempregados – e outros 39 milhões atuam na
informalidade. A mão-de-obra subutilizada ainda perfaz 27 milhões de pessoas e
os subocupados são 7 milhões. Os que desistiram de procurar emprego totalizam
4,6 milhões de pessoas. Comparando, a soma de todas estas categorias perfaz um
total de 83,1 milhões de cidadãos, enquanto que a população ocupada no país é
de 94,1 milhões.
Ainda
não se sabe se este restabelecimento da economia será sustentável. O brasileiro
já está acostumado às recuperações de curto fôlego, chamadas de “voos de
galinha”. O aumento das vendas - se efetivamente ocorreu -, por enquanto, significa apenas isso: aumento
das vendas, principalmente devido ao aumento dos estímulos, como mencionado
anteriormente. Somente a partir do início de 2020 é que será possível saber se a
aceleração da atividade econômica é estável, ou se foi apenas sazonal, devido ao
pequeno crescimento da atividade econômica que sempre ocorre a cada final e início de
ano.
(Imagens: fotografias de Milton Guran)
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