Leituras diárias

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

 


“Zoroastro não inventou o Paraíso, mas reinventou a ideia de Paraíso. Muito antes da época em que ele viveu, os iranianos da Ásia Central já tinham a expectativa de uma vida feliz após a morte, ou pelo menos alguns deles tinham. Como os povos primitivos do mundo inteiro, de início eles parecem ter se resignado a uma vida infeliz após a morte, em um mundo subterrâneo ao qual se chegava após cruzar um rio tenebroso. Porém, a certa altura, muito antes da época em que Zoroastro viveu, essa interpretação mudou. Passou-se a acreditar que uma ponte cruzava o rio tenebroso, e, embora a maioria dos iranianos caísse dentro do mundo subterrâneo, alguns felizardos – a elite aristocrática – seguiam em frente e alcançavam uma eternidade luminosa e feliz no monte Hara. Como no Egito, em um primeiro momento o Paraíso existiu apenas para os membros do grupo ‘certo’.” (Kneale, página 33)

 

Matthew Kneale, Crença, nossa invenção mais extraordinária


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