“Zoroastro
não inventou o Paraíso, mas reinventou a ideia de Paraíso. Muito
antes da época em que ele viveu, os iranianos da Ásia Central já tinham a
expectativa de uma vida feliz após a morte, ou pelo menos alguns deles tinham.
Como os povos primitivos do mundo inteiro, de início eles parecem ter se
resignado a uma vida infeliz após a morte, em um mundo subterrâneo ao qual se
chegava após cruzar um rio tenebroso. Porém, a certa altura, muito antes da
época em que Zoroastro viveu, essa interpretação mudou. Passou-se a acreditar
que uma ponte cruzava o rio tenebroso, e, embora a maioria dos iranianos caísse
dentro do mundo subterrâneo, alguns felizardos – a elite aristocrática –
seguiam em frente e alcançavam uma eternidade luminosa e feliz no monte Hara.
Como no Egito, em um primeiro momento o Paraíso existiu apenas para os membros
do grupo ‘certo’.” (Kneale, página 33)
Matthew
Kneale, Crença, nossa invenção mais
extraordinária
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