Leituras diárias

quarta-feira, 23 de setembro de 2020


“Um amigo meu, pessoa culta e distinta, jogou fora seu Rolex porque, diz ele, pode ver a hora no BlackBerry. A tecnologia inventou o relógio de pulso para permitir que os humanos não andassem por aí com um pêndulo nas costas ou não tivessem que tirar o cebolão do bolso do colete a cada dois minutos. E eis que meu amigo escolhe andar, não importa o que esteja fazendo, com a mão permanentemente ocupada. A humanidade está atrofiando um de seus dois membros, e no entanto, todos sabemos o quanto as duas mãos com polegar opositor contribuíram para a evolução da espécie.” (Eco, pág.110)

 

Humberto Eco, Pape Satàn Aleppe, Crônicas de uma sociedade líquida 

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