“Um
amigo meu, pessoa culta e distinta, jogou fora seu Rolex porque, diz ele, pode
ver a hora no BlackBerry. A tecnologia inventou o relógio de pulso para
permitir que os humanos não andassem por aí com um pêndulo nas costas ou não
tivessem que tirar o cebolão do bolso do colete a cada dois minutos. E eis que
meu amigo escolhe andar, não importa o que esteja fazendo, com a mão permanentemente
ocupada. A humanidade está atrofiando um de seus dois membros, e no entanto,
todos sabemos o quanto as duas mãos com polegar opositor contribuíram para a
evolução da espécie.” (Eco, pág.110)
Humberto
Eco, Pape Satàn Aleppe, Crônicas de uma
sociedade líquida
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