“Os
neurônios – que são células nervosas de nossos cérebros – e os nervos
periféricos estão repletos de microtúbulos compostos de proteína tubulina. Os
mesmos microtúbulos, exatamente iguais, compõem os cílios, caudas de espermatozoide
e paredes de centríolos-cinetoplastos. Os microtúbulos são a base dos axiônios
e dendritos, prolongamentos das células nervosas pelas quais processamos
informações em nossos cérebros. Se minha teoria radical da simbiogênese estiver
correta, o próprio cérebro e o pensamento necessário para ler esta frase se
tornaram possíveis pelos microtúbulos proteicos que evoluíram em bactérias.
Mesmo que as pesquisas mostrem que minha hipótese da espiroqueta está correta,
pensar sobre a simbiose é em si mesmo um fenômeno simbiótico. O oxigênio que
respiramos entra no cérebro por nossa corrente sanguínea e é incessantemente
metabolizado pelas mitocôndrias que sabemos terem sido bactérias que
respiravam. Quer as espiroquetas coleantes estejam ou não no cerne de nossa
existência, continuamos sendo seres simbióticos em um planeta simbiótico.”
(Margulis, pág. 52)
Lynn Margulis, O planeta simbiótico – Uma nova perspectiva da evolução
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