Leituras diárias

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

 


“Os neurônios – que são células nervosas de nossos cérebros – e os nervos periféricos estão repletos de microtúbulos compostos de proteína tubulina. Os mesmos microtúbulos, exatamente iguais, compõem os cílios, caudas de espermatozoide e paredes de centríolos-cinetoplastos. Os microtúbulos são a base dos axiônios e dendritos, prolongamentos das células nervosas pelas quais processamos informações em nossos cérebros. Se minha teoria radical da simbiogênese estiver correta, o próprio cérebro e o pensamento necessário para ler esta frase se tornaram possíveis pelos microtúbulos proteicos que evoluíram em bactérias. Mesmo que as pesquisas mostrem que minha hipótese da espiroqueta está correta, pensar sobre a simbiose é em si mesmo um fenômeno simbiótico. O oxigênio que respiramos entra no cérebro por nossa corrente sanguínea e é incessantemente metabolizado pelas mitocôndrias que sabemos terem sido bactérias que respiravam. Quer as espiroquetas coleantes estejam ou não no cerne de nossa existência, continuamos sendo seres simbióticos em um planeta simbiótico.” (Margulis, pág. 52)

 

Lynn Margulis, O planeta simbiótico – Uma nova perspectiva da evolução

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