Quase
todas as atividades econômicas têm algum tipo de impacto ambiental negativo ao
meio ambiente. Extração de petróleo e minérios, captação de água, criação de loteamentos,
plantio de árvores para extração de madeira, industrias de diversos tipos, etc.
Mesmo as atividades humanas mais singelas, como o carrinho de pipoca na praça,
o restaurante e o escritório de contabilidade; todos têm algum tipo de impacto
negativo na natureza, como uso de água, poluição do ar, geração de resíduos, uso
de recursos não renováveis.
Os
cientistas perceberam as consequências das práticas econômicas no meio ambiente
– os economistas falam nas externalidades de uma atividade econômica – e desenvolveram
gradualmente procedimentos e tecnologias que reduzem o que, em outras palavras,
poderíamos chamar de dano ao meio ambiente. Lembrando que o meio ambiente
pertence a todos os cidadãos, sendo um bem comum, concluímos que toda atividade
que impacta um ambiente ou seus recursos naturais, está provocando algum tipo
de prejuízo a todos. Por exemplo, se eu exerço uma atividade econômica e,
através dela, causo danos ao ambiente, como descarga de esgoto ou geração de
fumaça, estou auferindo lucros à custa de um bem que é coletivo. Minha fábrica
polui as águas do córrego que é um bem comum da população do bairro, ou da
cidade onde atuo com meu negócio.
Esta
seria a situação ideal. Ideal no Brasil, porque na maior parte dos países
avançados industrialmente esta prática é comum. Tão comum, que em vários ramos
das atividades econômicas, muitos governos federais e locais incentivam a
pesquisa, a fabricação e a implantação de tecnologias que permitam reduzir a
poluição. O conceito, conhecido como “produção mais limpa”, também utilizado em
indústrias de ponta no Brasil, procura otimizar o uso dos insumos produtivos –
matérias primas, água, energia, equipamentos, mão de obra, etc. – gerando o
mínimo possível de resíduos, como efluentes, gases e resíduos sólidos. Em segmentos
econômicos altamente competitivos, como a indústria eletroeletrônica e a
automobilística, o uso racional de recursos e a redução dos impactos ambientais
– e os custos implicados em sua eliminação – são fatores fundamentais para o
sucesso de uma marca.
A
participação da indústria brasileira na economia vem lentamente caindo ao longo
das últimas três décadas; o país está se desindustrializando. Diminuíram os
investimentos em novas linhas de produção e na modernização – leia-se
otimização – das unidades produtivas já existentes. Isto, em outras palavras,
também quer dizer que a indústria não está produzindo de uma maneira mais
eficiente, seja do ponto de vista econômico ou ambiental. Além de tornar nossos
produtos menos competitivos, isto também faz com que nossos processos
industriais sejam mais poluidores e dissipadores de insumos.
Já
em centros industrias de ponta, como os Estados Unidos, o Japão, a China e a
Alemanha, a história é diferente. Além de leis ambientais cada vez mais
restritivas, notadamente na Europa, as indústrias são pressionadas por suas
associações, por seus clientes, por agências ambientais e pela competição dos
concorrentes, a tornarem seus processos sempre mais eficientes, utilizando
menos recursos. Matérias primas, energia e outros recursos naturais são cada
vez mais caros nessas regiões, e nada pode ser desperdiçado – além da pressão
de uma opinião pública muito consciente, que exige atividades industriais cada
vez menos impactantes.
Gradualmente,
preveem os especialistas, com o aumento da pressão em todos os países por redução
de emissões de gases e de resíduos, dominarão o mercado apenas as indústrias
mais eficientes. Àquelas industrias, que por várias razões não puderem se
modernizar, sobrarão apenas os mercados e os clientes/consumidores menos
exigentes, que evidentemente terão um poder de consumo mais baixo.
Mas
isto é apenas parte da história. Qualquer atividade econômica situada na produção,
na distribuição ou no consumo, nunca chegará ao ponto de eliminar completamente
a geração de externalidades, com impacto sobre o meio ambiente. A teoria do “resíduo
zero”, disseminada por algumas instituições ligadas à pesquisa da produção e do
consumo nos anos 1990, nunca será alcançada. Sempre, durante toda a cadeia
produtiva e de consumo, sobrará algum resíduo ou emissão. Com isso num prazo
ainda não calculado, ficarão escassos os insumos, como certos metais e terras
raras, petróleo, água limpa, terras aráveis, entre outros. Mas isto já é tema
para um outro artigo.
(Imagens: fotografias de Letizia Battaglia)
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