Entre
31 de outubro e 12 de novembro próximos ocorrerá a COP 26, realizada em
Glasgow, na Escócia. A Conferência das Partes (COP) é um encontro anual que
congrega 197 países, com o objetivo de discutir as mudanças climáticas e
acordar medidas para combatê-las. As reuniões da COP foram estabelecidas em
1994, como um apêndice à Convenção-Quadros da Nações Unidas sobre Mudança do
Clima (United Nations Climate Change Framework Convention – UNFCC) e sua
primeira reunião ocorreu em Berlim, em 1995. Desde então, os países vêm se
reunindo anualmente para discutir providências, no sentido de que se diminuam
as emissões de gases de efeito estufa, resultantes das atividades econômicas. A
temperatura média do planeta já subiu 1,2º C desde o início da industrialização
no século XVIII, continua aumentando e espera-se conservá-la abaixo de um
aumento de 2º C, preferencialmente em torno de 1,5º C.
Os
progressos feitos durante todos estes anos não foram muito grandes. Em diversas
fases das negociações houve resistência de governos, de grandes grupos
econômicos afetados pela necessidade de redução de emissões, de think tanks e ONGs, defendendo
interesses de empresas ou associações. Atualmente, se bem que bastante
reduzidos devido às evidências factuais e científicas, ainda existem grupos de
pressão – notadamente nos Estados Unidos – e governos – caso do atual governo
brasileiro – que colocam em dúvida as mudanças climáticas ou sua origem
antrópica.
Os
avanços que podem ser considerados como positivos, ocorreram principalmente na
União Europeia, que até antes do governo Biden, nos Estados Unidos, tem sido a
principal impulsionadora de medidas concretas, como aprovação de leis e normas
técnicas, que visam diminuir a emissão de gases. Uso de energias renováveis,
redução na geração de resíduos e gradual substituição da gasolina e do diesel
nos veículos, são as principais áreas onde os governos europeus estão atuando.
A China, atualmente o segundo maior emissor de gases, depois dos Estados
Unidos, acordou para o problema da poluição atmosférica, por constantemente
enfrentar altos níveis de contaminação em suas grandes cidades.
Os
Estados Unidos, tradicionalmente, sempre se empenharam com as causas ambientais
e de conservação da natureza. Foram o primeiro país a criar parques nacionais,
desenvolveram e investiram em energia eólica antes da maioria dos países e
criaram a energia solar fotovoltaica. Os americanos também foram os primeiros a
organizarem movimentos ambientalistas, que através de sua pressão sobre o
congresso daquele país conseguiram aprovar as primeiras leis sobre poluição
atmosférica. Todavia, por sua posição crítica em relações aos organismos
internacionais – ONU (Organização das Nações Unidas), OMS (Organização Mundial
de Saúde), entre outros –, ciosos de sua autonomia no plano internacional, o
governo e o congresso americanos sempre foram reticentes em aderirem ao Acordo
Climático. Tanto, que seu último presidente, Donald Trump, saiu do acordo
firmado na COP 21 em Paris. O atual dirigente americano, Joe Biden, voltou a
incluir seu país no acordo.
Ao
mesmo tempo, aumentaram consideravelmente nos últimos dez anos os projetos para
o uso de energias renováveis em todo o planeta. A economia de escala e a
pesquisa tecnológica, permitiram que o custo dos equipamentos para geração de
energia solar fotovoltaica, tivessem uma redução em seu custo de quase 90%
entre 2010 e 2020. No setor da energia eólica, o desenvolvimento da tecnologia,
da engenharia financeira dos projetos e a escala de produção, também
possibilitaram uma importante redução dos custos de implantação de projetos nos
últimos dez anos. No Brasil, o setor de energia eólica já é responsável por
cerca de 10% da energia da matriz energética, devendo chegar a 16% em 2026.
As
maiores setores geradores de gases de efeito estufa são o de geração de
energia, atividades agrícolas e a indústria. O setor de energia, que também
inclui os transportes e a geração de calor, é responsável por cerca de 73% das
emissões mundiais. Nos países do hemisfério Norte, a maior parte da eletricidade
é produzida por usinas acionadas a carvão mineral, óleo combustível e gás
natural; todos combustíveis geradores de gases de efeito estufa, principalmente
o carvão. Além disso, em todo planeta rodam mais de 1,215 bilhão de veículos,
entre automóveis, comerciais leves e veículos pesados. Além desses, há centenas
de milhões de motocicletas e dezenas de milhares de aviões e navios de diversos
portes.
A
agropecuária é responsável por cerca de 12% das emissões de gases,
principalmente por causa da fermentação entérica; o processo digestivo que
ocorre em animais ruminantes, como gado, ovelhas e cabras. Além disso, o
estrume deixado pelos animais no campo também é gerador do óxido nitroso, um
gás de efeito estufa maior que o gás carbônico. O uso de fertilizantes e o
cultivo de arroz, também contribuem para a formação de gases poluidores, da
mesma forma como a derrubada e a queima de florestas, para início das atividades
agrícolas.
O
quadro geral do planeta em relação às mudanças climática, segundo os
cientistas, é preocupante. No entanto, parece que o que diz a ciência e o que mostram
os eventos climáticos – enchentes, secas, nevascas, aumento do nível dos mares,
derretimento de geleiras – não está preocupando em demasia os principais
agentes envolvidos com o problema: governos e empresas. Se os países
desenvolvidos e industrializados procuram, de diversas formas, diminuir as
emissões de suas atividades econômicas, nos países em desenvolvimento estas
iniciativas são quase inexistentes. Exemplo disso, é a atuação na área
ambiental do atual governo brasileiro. Desmantelou o órgão ambiental federal,
flexibilizou leis e diminuiu a fiscalização ambiental em todas as áreas.
(Imagens: pinturas de Susan Weiss Rose)
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