“A
evolução equipou nosso cérebro com uma consciência subjetiva dos riscos e
improbabilidades apropriados a criaturas com uma duração de vida inferior a um
século. Nossos ancestrais sempre tiveram de tomar decisões envolvendo riscos e probabilidades;
por isso, a seleção natural equipou nosso cérebro para avaliar probabilidades
no contexto de um tempo de vida breve que, seja como for, podemos esperar. Se
em algum planeta houver seres com duração de vida de 1 milhão de séculos, seu
facho de luz abrangendo os riscos compreensíveis se estenderá muito mais na
direção do extremo direito do contínuo. Eles esperarão receber uma mão perfeita
de bridge de quando em quando, e nem sairão por aí contando para todo mundo
quando isso acontecer. Mas até eles cairão sentados se uma estátua de mármore
lhes acenar, pois seria preciso viver zilhões de anos a mais do que eles para
ver um milagre dessa magnitude.”
(Dawkins, pág. 242)
Richard Dawkins, O relojoeiro cego – A teoria da evolução contra o desígnio divino
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