Moacir Werneck de Castro
nasceu na cidade de Barra Mansa, no Rio de Janeiro, em 1915. Por parte de pai e
de mãe era neto e bisneto de latifundiários que enriqueceram com a cultura do
café, no período do Segundo Império. Era o caçula de cinco filhos, tendo vivido
durante a infância a decadência da fortuna de sua família, baseada na exploração
de mão de obra escravizada. Werneck foi criado em Blumenau, Santa Catarina,
onde o pai, educado na Alemanha, faleceu em 1926.
Na
juventude muda-se para a cidade do Rio de Janeiro e se aproxima do primo, Carlos
Frederico Werneck de Lacerda, um ano mais velho. Juntos cursaram a Faculdade de
Direito da Universidade do Rio de Janeiro, atual Universidade Federal do Rio de
Janeiro e participaram do movimento socialista, então em formação. Em 1938,
ambos passaram a trabalhar no jornal “Diretrizes” fundado pelo empresário e
jornalista Samuel Wainer. A convivência dos primos torna-se difícil, quando em
1940 Carlos Lacerda dá uma guinada ideológica em sua vida e adere à oposição
conservadora, da qual se tornaria um líder, fazendo oposição ao segundo governo
de Getúlio Vargas (1951-1954). Atuando pela União Democrática Nacional (UDN),
Lacerda seria mais tarde um dos organizadores e apoiadores do golpe
civil-militar de 1964, que instituiu a ditadura (1964-1985).
Moacir Werneck foi encarcerado pela primeira vez em 1934, aos 19 anos, quando fazia a cobertura de uma assembleia de trabalhadores para o “Jornal do Povo”, pertencente ao jornalista Aparício Torelly (que utilizava a alcunha de Barão de Itataré). Foi libertado graças à interferência do irmão, Luis Werneck de Castro, que era advogado com boas relações na cidade do Rio de Janeiro. Foi também em 1935 que Moacir participou, em Paris, do Encontro Mundial da Juventude contra a Guerra e o Fascismo e, em seguida, viajou para Berlim, onde seu pai estudara. Lá foi agredido por um grupo de militantes da juventude nazista e só escapou por causa de seu passaporte brasileiro e do pouco de alemão que aprendera na infância, em Blumenau.
No
decorrer da Segunda Grande Guerra Moacir Werneck atuou como redator de notícias
da “Agência Interamericana de Publicidade”. Entre 1945 e 1953 trabalhou como
jornalista redator nos jornais “Tribuna Popular” e “Imprensa Popular”, ligados
ao Partido Comunista Brasileiro, ao qual se filiou em 1947 e que abandonaria em
1956, após as revelações das atrocidades cometidas por Josef Stalin durante seu governo, feitas durante o XX
Congresso do Partido Comunista da União Soviética. Neste período também
fundaria com Jorge Amado e Oscar Niemeyer a revista “Paratodos – Quinzenário da
Cultura Brasileira”, que circulou entre 1955 e 1957.
Ainda
em 1957 Werneck assumiria o posto redator-chefe do jornal “Última Hora”, que
apoiou os governos trabalhistas de Getúlio Vargas e João Goulart, resistindo à
pressão dos governos militares, até ser vendido ao grupo “Folha da Manhã S.A.”,
em 1971. Entre 1972 e 1987 Werneck trabalhou na “Encyclopedia Britannica”, atuando
como assessor editoral e participando da criação da “Enciclopédia Mirador
Internacional”.
Durante
muitos anos a partir de 1975, Moacir Werneck escreveu semanalmente artigos para
o “Jornal do Brasil”. Nos anos seguintes empreendeu viagens internacionais para
escrever sobre a situação política de países (em 1979, para descrever a
situação do Uruguai, então também sob ditadura militar) e entrevistar lideranças
políticas (entrevista com Yasser Arafat, líder da Organização para Libertação
da Palestina - OLP).
Moacir
Werneck morreu no Rio de Janeiro em 20 de novembro de 2010.
As principais
obras de Moacir Werneck são: O Libertador
– A vida de Simon Bolívar (1973); O
Sábio e a Floresta (1992), sobre o eminente naturalista Fritz Muller, que
viveu em Santa Catarina no Século XIX; Missão
na Selva (1994), sobre o engenheiro Emil Odebrechet, também pioneiro na colonização
alemã do Sul do Brasil; Europa 1935 – Uma
Aventura de Juventude (2000); Mário
de Andrade – Exílio no Rio (1989), contando o período em que conviveu com o
autor de Macunaima, entre 1938 e 1941; No
tempo dos barões (1992), com a irmã, Maria Werneck de Castro; e A Ultima Hora do Tempo de Samuel Wainer
(1993); A máscara do Tempo – Visões da
Era Global (1996); A ponte dos
suspiros, coletânea de artigos (1990); Dois
caminhos da revolução africana (2003); e, como organizador, Natureza viva: memória, carreira e vida de
uma pioneira do desenho científico no Brasil (2004).
Como
tradutor, Werneck traduziu O general em
seu labirinto e O amor e outros
demônios, de Gabriel García Márquez; O
jogador, O eterno marido e Notas do subterrâneo, de Fiodor Dostoievsk; Os campos de honra, de Jean Rouad; Geração Perdida, de Aldous Huxley; e Thèrese Raquin, de Émile Zola.
Frases de Moacir Werneck de Castro
“Até aqui viam-se terroristas
subdesenvolvidos, que agiam sozinhos, carregando na cintura ou em carros-bomba
a sua dinamite. Os de agora tramaram exaustivamente o seu "grand
finale" polifônico, não mais solo. E organizaram a ação como um espetáculo
para ser visto em cores, pela TV, conforme o espírito do tempo. Não se faz mais
terrorismo como antigamente. Paga-se, também nesse domínio, tributo à
modernidade.” (Sobre o ataque às Torres Gêmeas em Nova York em setembro de
2001 – jornal Folha de São Paulo);
“Fernando Henrique (Cardoso) reduz a Vale do
Rio Doce a uma desprezível catadora de pedras.” (Sobre a privatização da
companhia Vale do Rio Doce, durante o governo FHC – jornal Folha de São Paulo);
“Pela primeira vez o Teatro Municipal (em cujas escadarias os modernistas de 22 tinham sido fragorosamente vaiados) abriu as portas aos trabalhadores – ‘com grande inquietação dos meios grã-finos’, que temiam depredações, conta Paulo Duarte; mas resultou uma surpresa sensacional: não houve estrago nenhum, ‘a gente do povo era muito mais educada que a gente educada’.” (Mário de Andrade – Exílio no Rio de Janeiro)
(Fonte de pesquisa: Wikipedia, Site Correio IMS; Site da ABI Associação Brasileira de Imprensa; Livro "Mário de Andrade – Exílio no Rio de Janeiro"; Site do Instituto Socioambiental – ISA; Site Folha de São Paulo)
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