“A
crescente financeirização do capital tem produzido ainda outro efeito nefasto
no desigual e combinado desenvolvimento econômico: o descolamento entre o
capital entesourado no sistema financeiro e o mundo da produção, para onde não
mais tem retornado como reinvestimento, o que afeta decisivamente o volume da
circulação comercial e faz decrescer o poder de consumo. O capital especulativo,
posto a reproduzir-se sem mais o lastro do trabalho, tem surtido o efeito
funesto do desemprego de força de trabalho no mundo da produção.
É
nestes termos que se dá a crise do capitalismo internacional que ora
atravessamos, costumeiramente localizada pelo discurso jornalístico e pelas school business anglo-americanas a
partir do final do ano de 2007, como crise dos subprimes, mas cuja origem remonta à ladeira histórica iniciada nos
anos 1970 e seguida por consecutivos períodos de relativa estabilidade
econômica acompanhados de novos declives, sem que fossem recompostas as
anteriores taxas médias de lucro.
Mas
até que a crise estrutural do capitalismo alcance a condição de caos sistêmico,
no ocaso do atual ciclo de acumulação, mudam os atores a quem compete a
consecução de agendas que pretendem a recomposição das taxas de lucro das
classes proprietárias, por sobre as quais se impõem os interesses do rentismo,
quando os instrumentos políticos convencionais deixam de mostrar-se eficientes
à necessária destruição de direitos sociais. Ou seja, o agravamento da crise
capitalista cria as condições para o recrudescimento do autoritarismo político
no mundo.”
Osvaldo Coggiola e Rodrigo Zagni Medina, Quando irrompem os monstros: a crise do capital e novas direitas
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